21 de dezembro de 2024
Pai que perdeu filho alvejado pela PM de São Paulo
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Em uma carta aberta dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Júlio César Cardenas expressou profunda indignação e dor pela morte de seu filho, Marco Aurélio Cardenas Acosta, ocorrida em 20 de novembro deste ano, em uma ação policial em São Paulo. O texto, obtido pelo portal UOL, acusa a Polícia Militar do estado de ter agido de forma cruel e covarde e exige responsabilização dos envolvidos.

Marco Aurélio foi morto durante uma abordagem policial. O pai escreve que a pior tragédia de sua vida foi o assassinato do seu filho, “estudante de quinto ano da faculdade de medicina, cheio de saúde e alegria, da maneira mais cruel e covarde pelo Estado de São Paulo, pelas mãos de membros da PM e cumplicidade de toda a hierarquia superior”. O médico também rebateu a versão oficial de que o jovem teria tentado pegar a arma de um dos policiais.

Na carta, ele expressou o impacto devastador da tragédia em sua vida e na de sua família. “Hoje não tenho vida nem essência, nada. Um fantasma vale mais porque ele tem alma, e eu, não”, desabafou.

Júlio César também criticou o atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, destacando sua história controversa. “Apesar de ser um oficial com antecedentes e frases incentivando a morte e violência, paradoxal e inexplicavelmente é responsável pela segurança dos cidadãos”, afirmou. Derrite, ex-integrante da Rota, foi afastado do grupo de elite da PM em razão do elevado número de mortes em confrontos. Em 2021, ele chegou a admitir seu excesso de violência na corporação ao explicar por que foi afastado: “A real? Porque eu matei muito ladrão”.

A carta de Júlio César a Lula também endereça críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), classificando como “hipócrita” o lamento manifestado após o caso ganhar grande repercussão na mídia. “Após 40 horas de pressão total de toda a mídia do país pelo covarde crime de Marco Aurélio, anunciou um lamento”, escreveu o pai.

Mudança de discurso

O caso acontece em meio ao aumento da violência policial no estado de São Paulo, o que levou Tarcísio a revisar sua posição sobre o uso de câmeras corporais. O governador, que anteriormente se mostrava crítico à medida, admitiu recentemente que os dispositivos são “instrumento de proteção da sociedade e do policial”. Apesar disso, Derrite continua a fazer declarações que exaltam os agentes. Em um evento recente, ele afirmou: “Os policiais são os únicos e verdadeiros promotores de direitos humanos”.

Em sua carta, Júlio César faz um apelo direto a Lula: “Apelo ao Sr. Presidente, minha última esperança para aliviar a dor da minha família, de outras mais e poder amanhã salvar nossos próprios filhos”.

Com informações do 247.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/pai-que-perdeu-filho-alvejado-pela-pm-de-sao-paulo-escreve-carta-aberta-a-lula-denunciando-agentes-e-chama-tarcisio-de-hipocrita/