
O Paraná é o estado com o maior número de pessoas que viajam a trabalho para fora do país, segundo dados do novo recorte do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra que 6,2 mil paranaenses cruzam a fronteira todos os dias para exercer atividades profissionais em outros países — o maior contingente entre todas as unidades da federação.
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Na sequência aparecem o Rio Grande do Sul, com 5,2 mil trabalhadores nessa situação, e São Paulo, com 4,3 mil. No total, o Brasil tem cerca de 32 mil pessoas que viajam a trabalho e mantêm vínculos empregatícios fora do território nacional.
O destaque paranaense está diretamente ligado à geografia: o estado faz fronteira com a Argentina e o Paraguai, e a região de Foz do Iguaçu, no oeste do território, concentra boa parte desses deslocamentos. Somente ali, 3,21% dos moradores têm o local de trabalho principal em outro país, especialmente nas cidades paraguaias vizinhas.
Em Santa Terezinha de Itaipu, também na fronteira, o índice chega a 1,84%. Além da proximidade territorial, o intenso fluxo entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, por meio da Ponte Internacional da Amizade — por onde circulam mais de 40 mil veículos diariamente — ajuda a explicar a rotina de quem viaja a trabalho entre os dois lados da fronteira.
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Mais de 600 mil paranaenses viajam a trabalho dentro e fora do estado
O Censo mostra ainda que, dos 5,6 milhões de paranaenses ocupados em 2022, a maioria (4,8 milhões) trabalha no mesmo município onde mora. Outros 610 mil se deslocam para cidades diferentes, e 76 mil percorrem longas distâncias, atuando em mais de um município ou até em outro país.
O IBGE identificou cinco cidades em que mais da metade da população economicamente ativa do estado precisa se deslocar para trabalhar: Fazenda Rio Grande, Campo Magro, Piraquara, Almirante Tamandaré e Sarandi. Todas estão próximas de grandes polos urbanos — Curitiba e Maringá — e funcionam como cidades-dormitório, de onde milhares de pessoas saem diariamente para seus empregos.
Entre os que viajam a trabalho, a maioria está concentrada na faixa de renda entre um e dois salários mínimos: cerca de 254 mil pessoas. Para esse grupo, os deslocamentos representam não apenas uma necessidade econômica, mas também o reflexo de um mercado de trabalho mais centralizado em grandes cidades.
O tempo médio gasto no trajeto até o trabalho também varia. Aproximadamente 1,4 milhão de paranaenses levam entre 15 minutos e meia hora para chegar ao emprego, enquanto 15 mil enfrentam viagens superiores a quatro horas diárias.
O automóvel é o principal meio de transporte, utilizado por 44,6% dos trabalhadores. O Paraná aparece em terceiro lugar nacional nesse quesito, atrás de Santa Catarina e do Distrito Federal. Em seguida vêm o ônibus (17%), o deslocamento a pé (15,7%), a motocicleta (12,6%) e a bicicleta (5,1%).
Estudo e deslocamento internacional também fazem parte da rotina
O levantamento do IBGE mostra que o hábito de cruzar fronteiras não se limita a quem viaja a trabalho. No campo da educação, 8,8 mil estudantes paranaenses frequentavam instituições de ensino em outros países em 2022.
Embora o número pareça pequeno frente aos 3 milhões de alunos do estado, ele revela uma tendência crescente de mobilidade acadêmica internacional. A maior parte desses estudantes está no ensino superior — 6,6 mil deles.
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Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/parana/parana-tem-mais-pessoas-viajam-a-trabalho/