20 de agosto de 2025
Maioria dos brasileiros diz que Lula não fez tudo para
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A quinta rodada da pesquisa Genial/Quaest de 2025 indica que o governo Luiz Inácio Lula da Silva registra sua melhor avaliação desde janeiro. Depois de meses de desgaste, a aprovação subiu para 46% em agosto, contra 40% em maio, quando o Planalto viveu seu pior momento no levantamento. A desaprovação recuou para 51%.

O resultado, embora ainda mostre maioria crítica ao governo, consolida uma curva de recuperação iniciada em julho e é explicado por dois fatores principais: a queda na percepção da inflação dos alimentos e a reação do presidente ao tarifaço imposto por Donald Trump.

Felipe Nunes, CEO da Quaest, avalia que a melhora reflete uma combinação de fatores econômicos e políticos. “A percepção do comportamento do preço dos alimentos trouxe alívio às famílias e reduziu a pressão sobre o custo de vida. Ao mesmo tempo, a postura firme de Lula diante do tarifaço imposto por Donald Trump foi vista como sinal de liderança e defesa dos interesses nacionais. Menos pressão inflacionária somada à imagem de um presidente que reage a desafios externos ajudam a explicar o avanço de sua aprovação neste momento”, disse.

Avanço no Nordeste e entre os mais pobres

A melhora da aprovação foi registrada em diferentes recortes da pesquisa. No Nordeste, a taxa favorável ao governo saltou de 53% para 60%, ampliando a distância para a desaprovação. Na Bahia, a aprovação subiu 13 pontos, chegando a 60%; em Pernambuco, o índice alcançou 62%. Entre mulheres, pobres, católicos e eleitores com até o ensino fundamental, também houve crescimento da avaliação positiva.

No grupo dos que ganham até dois salários mínimos, a aprovação passou de 50% para 55%. Entre católicos, chegou a 54%. Já entre beneficiários do Bolsa Família, também houve melhora significativa.

O levantamento mostra ainda que, na comparação direta com Jair Bolsonaro, Lula voltou a se destacar. Em julho, 40% diziam que o atual governo era melhor, contra 44% que preferiam o anterior. Agora, 43% apontam vantagem para Lula e apenas 38% para Bolsonaro. Entre os eleitores sem posição política definida, também houve inversão: 37% consideram o governo atual melhor, ante 27% que avaliam como pior.

Inflação em queda muda percepção

O grande destaque é a percepção sobre os preços dos alimentos. Em julho, 76% diziam que eles haviam aumentado; agora, o índice caiu para 60%. Para 20%, os valores ficaram estáveis e, para 18%, caíram — mais do que o dobro do registrado no mês anterior. Essa mudança reduziu a sensação de perda de poder de compra, que caiu de 80% para 70%, e dividiu expectativas para os próximos meses: 40% acreditam que a economia vai melhorar e 40% que vai piorar.

Tarifaço e embate com Trump

A pesquisa também mostra que o embate com Trump é amplamente conhecido. Em agosto, 84% dos entrevistados disseram ter tomado conhecimento da carta enviada pelo presidente dos EUA a Lula, contra 60% em julho. Para 71%, Trump está errado ao impor taxas por considerar que o Brasil estaria perseguindo Bolsonaro.

Nesse contexto, 48% dizem que Lula e o PT estão agindo da maneira correta, enquanto 28% avaliam que Bolsonaro e seus aliados têm razão. Ainda assim, 41% acreditam que o presidente brasileiro se aproveita da situação para autopromoção, contra 49% que o veem como defensor dos interesses nacionais.

Já Eduardo Bolsonaro é visto de forma negativa: 69% afirmam que ele age em defesa própria e de sua família, e apenas 23% acreditam que o deputado atua em favor do país.

Impacto esperado das tarifas

Setenta e sete por cento dos entrevistados dizem temer que as tarifas vão prejudicar suas vidas, especialmente pelo aumento esperado no preço dos alimentos, apontado por 64%. A maioria (67%) defende que o Brasil busque negociar com os EUA, enquanto 28% preferem uma reação tarifária contra produtos estadunidenses. As expectativas quanto ao desfecho estão divididas: 48% acreditam em um acordo, 45% não.

Metodologia

O levantamento entrevistou presencialmente 12.150 brasileiros com 16 anos ou mais entre os dias 13 e 17 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com índice de confiança de 95%. O estudo também detalha recortes em oito estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia e Pernambuco.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/pesquisa-quaest-com-queda-na-percepcao-da-inflacao-e-postura-diante-de-trump-lula-alcanca-melhor-indice-de-aprovacao-desde-janeiro/