
A Polícia Federal (PF) identificou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) transferiu R$ 2 milhões para sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, um dia antes de prestar depoimento no inquérito que investiga a atuação de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em favor de sanções dos Estados Unidos contra o Brasil.
De acordo com o relatório encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro omitiu a operação financeira em seu depoimento. O ex-presidente já havia confirmado publicamente o repasse de outros R$ 2 milhões para custear a estadia de Eduardo nos EUA.
“Jair Bolsonaro omitiu informação à Polícia Federal no depoimento do INQ 4.995/DF de que teria repassado outros valores a Eduardo Bolsonaro, além dos R$ 2 milhões. Também não houve qualquer justificativa para a transferência de recursos, no mesmo montante, para Michelle Bolsonaro apenas um dia antes do interrogatório”, aponta a PF.
Atuação deliberada
Os investigadores afirmam que Bolsonaro atuou de forma intencional para apoiar o filho em sua ofensiva internacional contra o andamento da ação penal da chamada trama golpista.
Segundo o relatório, o ex-presidente teria buscado se desfazer rapidamente de recursos sob sua posse para evitar eventuais bloqueios judiciais.
“O conjunto de elementos probatórios indica que Jair Bolsonaro atuou deliberadamente, de forma livre e consciente, desde o início de 2025, com maior ênfase nos meses de maio, junho e julho, período em que se intensificaram as ações de Eduardo Bolsonaro no exterior”, conclui o documento.
Pressão dos EUA
A investigação foi solicitada em maio ao STF pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, para apurar a suposta articulação de Eduardo Bolsonaro junto ao governo norte-americano em busca de medidas contra Moraes e autoridades brasileiras.
Nos últimos meses, os EUA anunciaram tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, uma investigação sobre o sistema de pagamentos Pix e sanções contra Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky.
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde março, após solicitar licença de 122 dias da Câmara dos Deputados alegando perseguição política. Na última sexta-feira (16), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), enviou à Comissão de Ética um pedido de cassação de seu mandato, protocolado por PT e PSOL.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/pf-aponta-transferencia-de-r-2-milhoes-de-bolsonaro-para-michelle-as-vesperas-de-depoimento/