
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sob suspeita de obstrução do julgamento da trama golpista em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).
O relatório final da investigação, entregue ao tribunal na sexta-feira (15), aponta indícios de que ambos cometeram crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito. A apuração também concluiu sobre a atuação de Eduardo nos Estados Unidos, enquanto o pastor Silas Malafaia, aliado do ex-presidente, se tornou alvo de operação da PF.
Atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA
Eduardo Bolsonaro começou a ser investigado por sua atuação no exterior, onde está desde março articulando pedidos de sanção contra autoridades brasileiras. A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que a conduta do parlamentar configura possíveis crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal envolvendo organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito. A PGR ressaltou ainda que a tentativa de submeter o funcionamento do STF ao crivo de outro país caracteriza atentado à soberania nacional, crime previsto no Código Penal.
Indiciamento e medidas contra Malafaia
Nesta quarta-feira (20), a Polícia Federal indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro por coação a autoridades no âmbito da ação penal sobre o golpe de Estado, na qual o ex-presidente é réu. O relatório também motivou medidas contra o pastor Silas Malafaia, incluindo mandado de busca e apreensão e retenção de passaporte.
Durante a investigação, a PF recuperou dados de backup que revelaram intensa atividade de Jair Bolsonaro na produção e disseminação de mensagens em redes sociais, em descumprimento de medidas cautelares anteriores. Um dos registros mostra que, em 25 de julho de 2025, Silas Malafaia enviou mensagens ao ex-presidente solicitando a divulgação de vídeos:
“ATENÇÃO! Dispara esse vídeo às 12h”
“Se você se sente participante desse vídeo, compartilhe. Não podemos nos calar!”
O relatório também descreve a atuação de Eduardo:
“O parlamentar licenciado passou a publicar conteúdos em inglês, com o claro intuito de alcançar o público no exterior, interferir no andamento da AP 2668/DF e coagir autoridades públicas brasileiras.”
Áudios, mensagens e pedido de asilo
O relatório destaca que áudios e conversas apagados do celular de Jair Bolsonaro com Malafaia e Eduardo foram recuperados, reforçando tentativas de intimidar autoridades e atrapalhar investigações sobre a trama golpista. Além disso, a PF identificou mensagens em que Bolsonaro discutia com aliados um possível pedido de asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei.
Contexto da investigação
O inquérito foi aberto em maio a pedido da PGR, após a atuação de Eduardo Bolsonaro em busca de sanções contra ministros do STF junto ao governo dos Estados Unidos. A investigação levou à inclusão de Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar por descumprimento de decisões judiciais. Em julho, o ministro Alexandre de Moraes prorrogou a apuração por 60 dias, destacando a necessidade de novas diligências.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/pf-indicia-jair-e-eduardo-bolsonaro-por-obstrucao-de-julgamento-no-stf/