3 de maio de 2025
PF investiga ligação entre fraude no INSS e esquema de
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Pagamentos milionários feitos por entidades ligadas ao escândalo de fraudes contra aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a empresas de crédito consignado estão na mira da Polícia Federal (PF). As transações financeiras, reveladas por quebras de sigilo bancário, aprofundam as suspeitas de que a prática dos descontos indevidos em benefícios previdenciários estaria conectada à concessão de empréstimos consignados a segurados.

A informação foi publicada inicialmente pelo portal Metrópoles, responsável por uma série de reportagens desde dezembro de 2023 que revelaram o esquema. As investigações apontam que entidades como Ambec, Unsbras (atual Unabrasil) e Cebap firmaram contratos com empresas do setor de crédito para impulsionar a filiação em massa de aposentados, o que permitia a cobrança automática de mensalidades associativas via convênio com o INSS. Mais de 6 milhões de beneficiários teriam sido filiados desde 2019, gerando uma arrecadação estimada em R$ 6,3 bilhões.

Em abril deste ano, as apurações culminaram na deflagração da Operação Sem Desconto, conduzida pela PF com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU). A ofensiva teve como base 38 reportagens do Metrópoles e resultou na queda do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.

As autoridades investigam agora o papel de empresas de crédito consignado que, em parceria com essas entidades, supostamente induziam os aposentados à filiação sem consentimento, durante a contratação de empréstimos. De acordo com contratos em posse da PF, as empresas lucravam diretamente com a adesão dos segurados: recebiam integralmente a primeira mensalidade de cada novo associado e ainda 30% das seguintes.

Duas empresas concentram a maior parte dos valores investigados. A HKM, pertencente ao empresário Herbert Kirstersson Menocchi — ex-gerente do BMG —, teria recebido parte dos R$ 15 milhões pagos pelas entidades. O contrato firmado entre a Cebap e a HKM detalha que cabia à empresa orientar os vendedores de consignado a oferecerem, junto ao empréstimo, a filiação às entidades que aplicavam os descontos.

Já o Balcão das Oportunidades, que também atua como correspondente bancário do BMG, recebeu R$ 5 milhões apenas da Ambec, além de manter contratos vultosos com a Cebap.

Outras entidades, como Amar Brasil (ABCB) e Master Prev, também estão sob suspeita. Ambas têm em sua diretoria familiares de Américo Monte Filho, empresário do ramo de crédito consignado. A PF mapeou movimentações superiores a R$ 320 milhões ligadas à Amar Brasil, incluindo repasses para empresas do setor.

A defesa de Menocchi, representada pelo advogado Conrado Gontijo, sustenta que o empresário não tem relação com qualquer irregularidade. “A HKM recebe valores de seus clientes por serviços lícitos, efetiva e comprovadamente prestados. A empresa não tem relação com qualquer suposta irregularidade, e sua atuação é pautada pelo absoluto respeito à lei”, afirmou.

Sobre a atuação de Menocchi, o banco BMG declarou que ele não integra seus quadros desde 2022. “Ele não mantém vínculo de qualquer natureza com este grupo desde referida data”, disse o banco, acrescentando que desconhece os fatos relacionados ao esquema de fraudes no INSS.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/pf-investiga-ligacao-entre-fraude-no-inss-e-esquema-de-credito-consignado/