A Polícia Federal interrogou o general Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro de Jair Bolsonaro, sobre possíveis vínculos entre o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e empresários israelenses que forneceram o software espião FirstMile, utilizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo fontes, esse programa teria sido empregado para monitorar adversários políticos, membros do Judiciário e jornalistas de forma ilegal durante o governo Bolsonaro.
A investigação busca esclarecer se Carlos Bolsonaro tentou criar uma estrutura de inteligência paralela à Abin oficial, denominada “Abin paralela”.
As perguntas direcionadas a Santos Cruz concentraram-se no envolvimento de seu filho, Caio Santos Cruz, representante da empresa israelense Cognyte no Brasil, com a família Bolsonaro. A apuração indica que Caio teria facilitado encontros entre os israelenses e Bolsonaro antes mesmo de sua posse.
O software, adquirido inicialmente na gestão de Michel Temer por R$ 5,7 milhões, foi apontado como peça central na alegada estrutura de espionagem clandestina. Tanto Santos Cruz quanto Caio foram ouvidos em Brasília, mas optaram por não comentar o caso até o momento.
Bebianno citou intenção de se criar “Abin paralelo”
A investigação inclui também declarações do ex-ministro Gustavo Bebianno, que, em entrevista ao programa Roda Viva, relatou conversas internas do governo sobre a intenção de Carlos Bolsonaro de montar uma “Abin paralela” composta por agentes de sua confiança. Segundo Bebianno, Carlos alegava não confiar totalmente na estrutura oficial da Abin e desejava uma rede alternativa para realizar monitoramentos.
A Operação Última Milha, que investiga a rede de inteligência informal, identificou Carlos Bolsonaro como parte do núcleo político da suposta estrutura, que incluía acesso privilegiado a dados sigilosos da Abin sob o comando de Alexandre Ramagem, ex-diretor da agência e atual deputado federal.
Na quarta fase da operação, deflagrada em julho, a PF encontrou indícios de que essa estrutura teria sido utilizada para atacar adversários e promover desinformação, incluindo ataques falsos direcionados ao senador Alessandro Vieira, um crítico de Carlos Bolsonaro na CPI da Covid-19.
Outros objetivos apontados pela PF sugerem que a “Abin paralela” teria sido utilizada para proteger os filhos de Bolsonaro, desestabilizar processos eleitorais, e monitorar ilegalmente autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal e senadores.
Com informações de Brasil 247
Fonte: https://agendadopoder.com.br/pf-questiona-general-santos-cruz-sobre-abin-paralela-e-software-espiao-ligado-a-carlos-bolsonaro/