A Polícia Federal realiza nesta segunda-feira (23) uma nova fase da Operação Cleanance, que prendeu na semana passada 17 pessoas por envolvimento em um esquema de desvio de recursos do Orçamento, informa a colunista Malu Gaspar, do jornal O GLOBO. O esquema, que movimentou mais de R$ 1,4 bilhão de reais, era comandado por José Marcos de Moura, empresário conhecido como ‘Rei do Lixo’, que é também dirigente do União Brasil.
Na operação de hoje estão sendo cumpridas ordens de buscas e apreensão em Brasília, Salvador e nas cidades baianas de Lauro de Freitas e Vitória da Conquista , além da prisão preventiva de quatro pessoas: Lucas Moreira Martins Dias, Vidigal Galvão cafezeiro Neto, Carlos André Brito Coelho e Rogério Magno Almeida Medeiros. Os três primeiros atuam em Vitória da Conquista e Lauro de Freitas. O último é um agente da Polícia Federal que passava informações à quadrilha.
Em Brasília, a PF vai esquadrinhar dois apartamentos que se suspeita terem sido usados para esconder documentos e provas de como funcionava o esquema de desvio de recursos.
Também foi pedido o afastamento de uma servidora da prefeitura de Lauro de Freitas e o sequestro de R$ 4,7 milhões em bens dos investigados.
O esquema que está sendo desvendado pela PF era comandado por Moura, que tem mais de R$ 1 bilhão em contratos para coleta de lixo em Salvador, mas alcançava 17 estados e dezenas de municípios, sempre em locais em que seu partido, o União Brasil, tinha influência. A constatação foi feita pelos investigadores a partir da análise dos documentos apreendidos no avião de Moura, interceptado em Brasília com R$ 1,5 milhão em dinheiro.
Entre os estados por onde o grupo atua estão, além da Bahia – foco da operação da PF –, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Tocantins, Mato Grosso, Pernambuco e Amapá. Em todos esses locais o União ou é o partido do governador e do prefeito ou administra alguma secretaria.
Essas informações, assim como os nomes das planilhas, estão distribuídas em 50 páginas que estão sob a análise dos investigadores. Ao lado de cada bloco de estados e municípios há colunas com nomes, valores, contratos e empresas prestadoras de serviço, em um aparente organograma do esquema administrado por Moura, preso na semana passada junto com outros 15 suspeitos. A Justiça ainda ordenou o bloqueio de R$ 162 milhões em bens.
Moura integra o diretório e a executiva nacionais do União e é muito próximo do vice-presidente do partido, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, a ponto de ser sócio da irmã dele em um avião. O empresário também detém influência na gestão do sucessor de Neto, Bruno Reis, e é íntimo do presidente da legenda, Antônio Rueda.
Conhecido no partido como Marquinhos, ele costumava dar carona em seu avião para correligionários e frequentava ativamente inaugurações e eventos das prefeituras e governos.
Dono de uma empresa de coleta de lixo, a MM Limpeza Urbana, ele é chamado na Bahia de Rei do Lixo por deter um contrato de mais de R$ 1,3 bilhão com a prefeitura de Salvador ao lado de duas outras empresas.
O empresário é apontado pela PF como operador de uma quadrilha que teria desviado dinheiro de emendas parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) e a prefeituras, por meio de licitações fraudulentas e superfaturadas.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/pf-realiza-nova-fase-de-operacao-contra-esquema-do-rei-do-lixo-e-cumpre-ordens-de-busca-e-apreensao-em-brasilia-e-bahia/