15 de julho de 2025
PGR acusa Anderson Torres de forjar passagem aérea para justificar
Compartilhe:

A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Gustavo Torres, de apresentar uma passagem aérea falsificada para justificar sua ausência em 8 de janeiro de 2023, data em que as sedes dos Três Poderes foram invadidas por golpistas em Brasília.

Segundo a manifestação final da PGR, enviada nesta segunda-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o bilhete apresentado por Torres, com o localizador “MYIDST”, não tem correspondência com seus dados pessoais nos registros da companhia aérea Gol. Além disso, não há qualquer voo registrado no trecho Brasília-Orlando, identificado como G3-9460, em nome do ex-secretário.

Para o Ministério Público, a suposta falsificação do bilhete revela uma tentativa deliberada de se eximir de responsabilidade pelos atos violentos que ocorreram na capital federal. A acusação reforça a tese de que Torres não apenas foi omisso, como também agiu de forma a favorecer o sucesso da tentativa de golpe.

A defesa de Anderson Torres, no entanto, sustenta que a viagem aos Estados Unidos havia sido planejada desde julho de 2022, com a passagem comprada em novembro daquele ano. Os advogados afirmam que ele tomou posse em 2 de janeiro de 2023, exerceu o cargo até o dia 6 e estaria oficialmente de férias a partir do dia 9. Ainda segundo a defesa, o secretário interino, Fernando Oliveira, já estava designado e teria assumido as funções administrativas antes mesmo da viagem de Torres.

O ex-secretário também afirmou ter deixado pronto um Plano de Ações Integradas (PAI), que, segundo ele, se tivesse sido seguido corretamente, teria evitado os atos golpistas.

Apesar da justificativa apresentada, a PGR sustenta que Anderson Torres ignorou diversos alertas sobre os riscos iminentes de violência. Em 6 de janeiro, data em que embarcou para os EUA, a Secretaria de Segurança Pública do DF já havia recebido relatórios da Força Nacional apontando o risco de atos antidemocráticos, com termos como “Tomada de Poder” e o registro do aumento expressivo no número de ônibus de manifestantes chegando à capital.

Ainda assim, o contingente de policiais militares escalado para o dia dos atos foi considerado insuficiente. Segundo o relatório da PGR, o reforço policial só foi acionado quase duas horas após o início das invasões. Além disso, parte dos comandantes de batalhões da Polícia Militar do DF também estava de férias na data dos ataques, o que, para o Ministério Público, demonstra falhas graves no planejamento e comando das forças de segurança.

Para a PGR, as omissões de Torres não foram meros erros administrativos, mas sim condutas deliberadas que facilitaram o avanço dos grupos radicais sobre as instituições. A tese da defesa, de que ele estava apenas “no lugar errado, na hora errada”, foi rechaçada. Segundo a acusação, o comportamento do ex-secretário foi conivente com os interesses dos organizadores da tentativa de golpe.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, também prestou informações que reforçam a tese da acusação. Ele afirmou que só foi informado da viagem de Anderson Torres no dia 7 de janeiro, quando o secretário já se encontrava em solo norte-americano. Ibaneis disse ter sido “pego de surpresa” e relatou uma quebra de confiança, razão que motivou a exoneração de Torres.

A análise do celular do governador revelou ainda que apenas um dia antes dos ataques, Torres havia enviado o contato de seu substituto. Para a PGR, esse comportamento é mais um indício de negligência com as obrigações do cargo.

A manifestação final da PGR reforça o pedido de condenação de Anderson Torres e insere novos elementos no inquérito que apura a responsabilidade dos agentes públicos na omissão e possível colaboração com os atos de 8 de janeiro. O caso será agora analisado pelo Supremo Tribunal Federal.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/pgr-acusa-anderson-torres-de-forjar-passagem-aerea-para-justificar-ausencia-em-8-de-janeiro/