
O Partido Liberal (PL), liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, enfrenta dificuldades para garantir o apoio necessário à tramitação do projeto de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. Sem a adesão de líderes partidários ao requerimento de urgência, a legenda tenta agora coletar assinaturas individuais de deputados, mas ainda está distante do mínimo necessário para levar a proposta ao plenário.
Diante da resistência, o PL adotou estratégias de obstrução em votações, o que gerou atritos com partidos do Centrão. A pressão causou desconforto entre parlamentares, que acusam a legenda de tentar impor a pauta sem negociação prévia. “Isso é uma tática Kamikaze. Eles estão se isolando e entrando em atrito com os partidos de centro”, criticou Lindbergh Farias (PT-RJ).
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (foto) (RJ), afirma ter reunido 163 assinaturas, mas precisa de 257 para que o requerimento de urgência avance. Outra possibilidade seria a adesão dos líderes partidários, mas, até o momento, não houve movimentação nesse sentido. Ele atribui a resistência ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que, segundo ele, teria pedido aos líderes que aguardassem antes de formalizar qualquer apoio. “O presidente Motta é e continuará sendo aliado do PL em todas as bandeiras, inclusive a anistia. Mas sabemos que a cadeira de presidente sofre pressões”, afirmou Cavalcante.
Centrão critica forma como bolsonaristas estão agindo
Nos bastidores, líderes do Centrão avaliam que o desgaste político do tema e a relação de Motta com o Supremo Tribunal Federal (STF) são fatores que impedem o avanço da proposta. Eles também consideram que a forma como a ala bolsonarista conduz a questão pode prejudicar negociações futuras.
A estratégia de obstrução do PL impactou o funcionamento das comissões da Câmara no início da semana, impedindo quórum para reuniões da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A resistência gerou insatisfação, levando o presidente da CCJ, Paulo Azi (União-BA), a intensificar as articulações para normalizar os trabalhos.
No plenário, a tentativa do PL foi frustrada, com a aprovação de uma medida provisória de crédito extraordinário do governo e do projeto que responde ao tarifaço do presidente americano, Donald Trump. Na quinta-feira, Cavalcante cedeu parcialmente e liberou comissões ligadas ao partido, como as de Saúde, Agricultura e Turismo, para retomarem suas atividades.
Apesar da insistência, o PL enfrenta um cenário adverso na Câmara, sem garantia de que conseguirá as assinaturas necessárias para acelerar a votação do projeto. A decisão final sobre a pauta, no entanto, ainda depende da condução política do presidente da Casa.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/pl-enfrenta-resistencia-na-camara-e-projeto-de-anistia-a-golpistas-perde-forca/