
O Palácio do Planalto iniciou uma varredura para identificar todos os cargos federais ocupados por indicados do União Brasil, em especial aqueles ligados ao presidente da legenda, Antonio Rueda. O movimento ocorre após o ultimato dado pelo partido, que decidiu antecipar o desembarque do governo federal.
Segundo auxiliares de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a orientação é substituir os afilhados políticos dos líderes da debandada, sobretudo os de Rueda, mesmo que a indicação tenha sido formalizada por parlamentares simpáticos ao governo. O presidente já citou Rueda em reuniões internas como um opositor.
União Brasil formaliza saída
Na semana passada, a Executiva Nacional do União Brasil aprovou por unanimidade a decisão de retirar seus filiados do governo. A saída, antes prevista para o final do mês, foi antecipada, atingindo diretamente o ministro do Turismo, Celso Sabino. A expectativa é que ele deixe o cargo oficialmente após o retorno de Lula de Nova York, com quem deve se reunir na quinta-feira (25).
Sabino tentou resistir. Em encontros com a cúpula do partido, argumentou que sua permanência até a realização da COP30, em novembro, seria importante para o Brasil. O ministro é presidente estadual do União Brasil no Pará e vê na conferência climática da ONU, que será realizada em Belém, uma vitrine para sua candidatura ao Senado em 2026. Apesar da pressão, não conseguiu reverter a decisão partidária.
Mesmo com sua saída, a gestão de Sabino era bem avaliada pelo Planalto. Segundo relatos, Lula chegou a dizer que apoiará sua candidatura ao Senado, independentemente de sua permanência no ministério.
Disputa pelo Turismo
Com a vaga aberta no Turismo, partidos da base já se movimentam para ocupar o espaço. O PSD, que atualmente controla três ministérios, voltou a cobrar maior protagonismo. O partido pode assumir a pasta em troca da entrega do Ministério da Pesca, hoje comandado por André de Paula (PE).
O PDT também sinalizou interesse. Em almoço com Lula no Palácio da Alvorada, dirigentes da legenda defenderam que a bancada da Câmara tenha representação no primeiro escalão. O nome colocado foi o do deputado André Figueiredo (CE), ex-ministro das Comunicações no governo Dilma Rousseff e considerado um aliado próximo do Planalto.
Outro partido que acompanha de perto a movimentação é o PSB. A legenda, que começou o governo com três ministérios, hoje ocupa dois: o de Indústria e Comércio, com o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o de Empreendedorismo e Microempresa, com Márcio França. O partido, comandado pelo prefeito do Recife, João Campos, tem interesse no Turismo, mas não pretende transformar a disputa em foco de crise, já que seu apoio a Lula em 2026 é garantido.
Davi Alcolumbre preserva espaço
As mudanças não devem atingir todos os quadros do União Brasil. Os ministros Frederico de Siqueira Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), ambos indicados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), devem ser preservados. Considerado um dos principais aliados de Lula no Congresso, Alcolumbre mantém forte influência sobre o governo e não será atingido pela reestruturação.
Estratégia do Planalto
A operação de mapeamento de cargos busca, ao mesmo tempo, neutralizar a influência de Rueda e abrir espaço para fortalecer a base governista. Aliados de Lula defendem que a redistribuição de postos seja usada para prestigiar partidos que têm garantido apoio consistente no Congresso.
Nos bastidores, a leitura é que o governo pretende transformar a crise com o União Brasil em oportunidade para ampliar sua articulação política, aproximando siglas que, embora críticas em alguns pontos, têm se mostrado leais em votações estratégicas.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/planalto-mapeia-cargos-do-uniao-brasil-apos-ultimato-de-rueda-e-deve-manter-turismo-com-a-base/