A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) deflagraram na manhã desta sexta-feira (24) uma operação que revelou um plano do PCC para assassinar o promotor de Justiça Lincoln Gakiya e o coordenador de presídios Roberto Medina, responsável pelas unidades prisionais da região Oeste do estado. As investigações que levaram à Operação Recon apontam que a facção teria monitorado as rotinas das autoridades por drones e bases de vigilância próximas às residências das vítimas.
Segundo o Ministério Público, a ordem para executar Gakiya e Medina partiu diretamente da cúpula do PCC, dentro de uma estrutura organizada e compartimentada que seguia rígida disciplina interna.
“Um dos grupos do PCC estava incumbido de fazer o levantamento da minha rotina, eu tive a minha casa vigiada por drones. Havia uma casa próximo do meu condomínio que foi utilizada também como base para monitorar a minha rotina. Foram encontrados diversos prints de telas com o trajeto que eu utilizo diariamente pra me deslocar para o MP em Presidente Prudente, e também de algumas rotinas como academia, etc.”, afirmou Gakiya em entrevista à GloboNews.
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Os 25 mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça foram cumpridos nas cidades paulistas de Presidente Prudente, Álvares Machado, Martinópolis, Pirapozinho, Presidente Venceslau, Presidente Bernardes e Santo Anastácio. A polícia afirmou que foi identificada uma célula do PCC dedicada exclusivamente ao levantamento de informações sobre autoridades e seus familiares, com o objetivo de preparar atentados.
Embora a Polícia Civil ainda não tenha confirmado ligação entre esse plano e o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, Gakiya afirma que já há uma forte suspeita. As ações de vigilância sobre Gakiya e Medina começaram em julho, mesmo mês em que Fontes passou a ser seguido por criminosos em Praia Grande.
“Elas foram remetidas para o setor que eles denominam de ‘sintonia restrita’ do PCC, e que, provavelmente, faz parte do mesmo salve que culminou com a morte do dr. Ruy Ferraz Fontes. Nesse mesmo salve havia ordens para me matar e para matar o dr. Roberto Medina também”, afirmou o promotor.
De acordo com o MPSP, a célula criminosa funcionava em compartimentos isolados, de modo que cada integrante conhecia apenas parte da operação, o que dificultava a descoberta do plano. O órgão afirmou que “as buscas domiciliares realizadas nesta data devem resultar na coleta de diversos elementos de prova que subsidiarão as próximas fases da investigação”, informou o órgão.
“A atuação de uma célula do crime organizado estruturada para realizar levantamentos sobre a rotina das autoridades públicas e de seus familiares. A quadrilha planejava atentados contra alvos previamente selecionados, com um esquema rígido de sigilo e divisão de tarefas entre os integrantes”, emendou o governo do estado de São Paulo em nota.
A expectativa da promotoria é de que novos nomes ligados à estrutura do PCC sejam identificados nas próximas semanas.
“A Procuradoria-Geral de Justiça vem a público expressar seu irrestrito apoio a essas duas destacadas autoridades e a todas as demais que, por cumprirem seu dever funcional, se transformam em alvos do crime organizado. Graças à atuação integrada do Ministério Público, da Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Penal, o tentame não se consumou. A população pode ficar tranquila. As instituições continuarão desempenhando o seu papel constitucional: defender a sociedade e combater os que vivem à margem da lei! Não recuaremos sequer um centímetro”, afirmou o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
A operação, segundo Lincoln Gakiya, revela o avanço do PCC como uma máfia no país, com estrutura semelhante à de cartéis estrangeiros e de ameaças a autoridades como ocorre no México. Ele ainda apontou que vive sob escolta permanente e que provavelmente terá de deixar o país quando se aposentar, por questões de segurança.
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/sao-paulo/policia-plano-pcc-executar-promotor-mp-sp/
