
A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu uma queda acentuada nos últimos dois meses, despencando de 35% para 24%, segundo pesquisa do instituto Datafolha. Esse índice representa a pior avaliação de sua trajetória no Palácio do Planalto, considerando seus três mandatos. Ao mesmo tempo, a reprovação do governo subiu de 34% para 41%, atingindo um recorde negativo.
A pesquisa foi realizada nos dias 10 e 11 de junho, ouvindo 2.007 eleitores em 113 municípios. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O número de entrevistados que avaliam a gestão como regular também subiu, de 29% para 32%.
A crise do Pix, que começou em janeiro, é apontada como um dos principais fatores para a deterioração da imagem do governo. A medida da Receita Federal de fiscalizar transações acima de R$ 5.000 gerou uma onda de críticas da oposição e uma enxurrada de desinformação alegando uma suposta taxação do sistema de pagamentos. O governo reagiu de forma tardia, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acabou revogando a norma.
Em meio a desgaste, Lula mudou equipe de comunicação
Em resposta ao desgaste, Lula reformulou sua equipe de comunicação, substituindo Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira. No entanto, outras questões contribuíram para a piora da popularidade, como a alta dos preços dos alimentos. Além disso, declarações do presidente, como a sugestão de que os brasileiros deixem de consumir produtos caros, foram exploradas pela oposição, reforçando uma percepção negativa.
Entre os mais pobres, aprovação caiu de 44% para 29%
O recuo na aprovação foi significativo entre grupos historicamente alinhados ao petismo. Entre os que ganham até dois salários mínimos, o apoio caiu de 44% para 29%, enquanto a desaprovação saltou de 23% para 36%. Essa faixa representa 51% da amostra do Datafolha, com margem de erro de três pontos.
A queda também foi expressiva entre os eleitores de menor escolaridade. Entre os que possuem apenas ensino fundamental, a aprovação despencou de 53% para 38%, enquanto a avaliação negativa subiu de 23% para 35%.
Na região Nordeste, queda de 16 pontos
Mesmo no Nordeste, tradicional reduto eleitoral do PT, a aprovação caiu de 49% para 33%, uma perda de 16 pontos. Na eleição de 2022, Lula teve ampla vantagem na região, mas o bolsonarismo tem avançado em alguns estados, especialmente com pautas econômicas e de segurança pública.
Entre aqueles que votaram em Lula no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL) em 2022, a aprovação recuou de 66% para 46%. A reprovação mais que dobrou, passando de 7% para 13%, enquanto a avaliação regular saltou de 27% para 40%.
A análise dos dados mostra que Lula só mantém um saldo positivo de aprovação entre os eleitores com menor escolaridade, com uma vantagem de 10 pontos, e de forma numérica no Nordeste, com um saldo de apenas três pontos. Por outro lado, enfrenta os piores índices entre eleitores de renda média e alta. Entre os que ganham de 2 a 5 e de 5 a 10 salários mínimos, o saldo negativo é de 33 pontos. Já na faixa acima de 10 salários mínimos, a rejeição é ainda mais intensa, com um saldo negativo de 45 pontos.
Com a pesquisa evidenciando um desgaste expressivo, cresce a preocupação dentro do governo sobre a necessidade de recuperar a popularidade. A equipe do presidente agora busca estratégias para reverter esse quadro, especialmente diante da inflação persistente e do impacto econômico na base de apoio de Lula.
Com informações da Folha de S.Paulo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/popularidade-de-lula-despenca-para-24-e-atinge-nivel-mais-baixo-de-seus-tres-mandatos-aponta-datafolha/