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Após meses negociando uma tentativa de fusão com PSD ou MDB, o presidente do PSDB, Marconi Perillo, diz que a sigla desistiu da união com as legendas. Segundo ele, os tucanos decidiram se unir com outros dois partidos menores: Podemos e Solidariedade. O objetivo, de acordo com a direção do partido, é evitar a entrada em um processo de “extinção” e manter o programa da sigla. Caso optasse pelo acordo com as legendas de Gilberto Kassab ou Baleia Rossi, a avaliação é que o PSDB acabaria submisso.
— O partido caminha nesta direção, de fazer fusão com partidos menores, para mantermos nosso programa, nossa história. A direção é essa. É o que a base quer e vamos fazer — disse ao GLOBO o presidente do PSDB, Marconi Perillo.
A possibilidade de se unir a PSD e MDB também vinha provocando um racha interno, já que em determinados estados havia divergências com o comando das outras legendas. Em Minas Gerais, Aécio Neves temia perder influência para Rodrigo Pacheco, por exemplo, já que o senador do PSD e ex-presidente do Senado não esconde as pretensões de crescimento político, como disputar o governo do estado.
Desde o início das movimentações para a união com o PSD ou MDB, integrantes da base tucana se mostraram incomodados e argumentaram que isso significaria abrir mão de uma tentativa de reabilitação. As negociações com Podemos e Solidariedade, então, passaram a avançar com maior facilidade. O PSDB tem hoje apenas 11 deputados, três senadores e três governadores.
O formato final da união entre as legendas ainda está sendo desenhado. O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, disse que a negociação entre a legenda e o PSDB avança para ser uma federação. Para isso, porém, é necessário que a atual federação PSDB-Cidadania seja desfeita antecipadamente, já que o prazo oficial para o término da união seria apenas em maio de 2026.
— Vamos pedir ao TSE o fim antecipado da federação do PSDB com o Cidadania para avançarmos com a nossa ainda neste ano. O caso está com o ministro André Mendonça, mas ele deve levar a plenário a decisão — disse Paulinho.
A reportagem entrou em contato com a presidente do Podemos, Renata Abreu, mas não obteve resposta. Segundo os tucanos, há uma possibilidade de fusão com o Podemos. A negociação envolve a criação de um um novo estatuto combinando os programas de ambos os partidos. Além disso, a tentativa seria manter os nomes de ambas as legendas, como PSDB-Podemos. Para os tucanos, o ideal é o PSDB permanecer na frente, por ser a legenda mais antiga. Os detalhes da união devem ser articulados nos próximos dois meses.
Uma das esperanças tucanas é que as eleições de 2026 permitam o lançamento de um candidato da sigla que tenha um desempenho expressivo na corrida presidencial. Mesmo que ele não ganhe, a marca de 7% ou 8% dos votos já seria o suficiente para dar um sopro de renovação a legenda, de acordo com a cúpula partidária. O nome do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, segue sendo o mais provável para a disputa.
O PSDB vem definhando desde as eleições gerais de 2018, quando Geraldo Alckmin, então candidato à Presidência, acabou com 4,76% dos votos. Nos anos seguintes, o ex-governador de São Paulo, João Doria, tomou a frente das costuras políticas do partido, tentou se alinhar a Jair Bolsonaro, mas recuou depois que o ex-presidente apresentou posturas negacionistas durante a pandemia de Covid-19.
Os sinais trocados confundiram o eleitor, que passou a rejeitar Doria. A crise respingou na eleição municipal de 2020, quando o PSDB perdeu dezenas de prefeituras pelo país. Em 2024, o partido não elegeu prefeitos em capitais pela primeira vez desde 1988.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/presidente-do-psdb-diz-que-partido-vai-se-unir-a-podemos-e-solidariedade/