9 de agosto de 2025
Relator da CPI das Apostas, Romário negocia patrocínio de empresa
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As pressões e ameaças vindas de lideranças e apoiadores bolsonaristas não surtiram efeito. Acostumado a enfrentar marcações cerradas dentro de campo e superar zagueiros implacáveis, o senador Romário (PL-RJ) manteve firme sua decisão de não assinar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-jogador, campeão mundial em 1994, vem sendo alvo de ataques nas redes sociais desde que se manteve fora do movimento encabeçado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Além de críticas públicas, recebeu mensagens privadas duras, como a enviada pelo pastor Silas Malafaia, que o chamou de “omisso” e ameaçou fazer campanha contra ele caso não apoiasse a iniciativa.

Romário também foi alvo do filho “04” do ex-presidente, Jair Renan Bolsonaro, que, no X (antigo Twitter), provocou: “E aí, Romário? Vai continuar vivendo do gol de 94 ou vai mostrar que também sabe jogar pelo povo? O impeachment do Moraes é sua chance de brilhar de novo.”

Apesar do cerco, o senador diz que não se abala. “Para os que pensam que isso me atinge, quero dizer que estou bem, com saúde e tranquilidade. Já enfrentei pressões muito mais fortes na vida e nunca fugi ou fiquei calado”, afirmou Romário nesta sexta-feira (8). Ele negou qualquer rompimento com Bolsonaro e declarou ter “boa relação” com o PL e suas lideranças, mas reforçou: “Não devo nada a ninguém. Continuo trabalhando pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil, nas pautas que sempre defendi, como esporte, saúde, inclusão e defesa das pessoas com deficiência.”

Nos bastidores as informações são de que Romário avaliou que o pedido de impeachment de Moraes não tem viabilidade política no Congresso e representa mais um gesto simbólico de oposição do que uma iniciativa com chance real de prosperar. Para o senador, não há base de apoio suficiente para levar o processo adiante, e o desgaste com o Supremo — especialmente com um ministro com quem mantém relação institucional respeitosa — não compensa.

A decisão foi comunicada diretamente ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Assim, Romário e a senadora Eudócia Caldas (PL-AL) permanecem como os únicos parlamentares da sigla que não aderiram à ofensiva contra Moraes, movimento que, na prática, reforça sua postura de independência dentro da legenda e o coloca em rota de colisão com a ala bolsonarista.

Mesmo com a tempestade nas redes sociais e a pressão de figuras influentes do bolsonarismo, Romário aposta que manter sua coerência política vale mais do que ceder ao jogo de empurra de aliados. Afinal, como no futebol, ele sabe que nem todo ataque se converte em gol.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/pressao-bolsonarista-nao-intimida-romario-que-mantem-recusa-a-assinar-impeachment-de-moraes/