
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) foi pega de surpresa nesta quarta-feira (3) com a prisão do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias (MDB).
Ele foi detido pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste. O parlamentar, que ocupa uma cadeira como suplente, é investigado por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e negociação de armas com o Comando Vermelho. Além dele, outras 14 pessoas foram presas na operação.
A prisão mobilizou os deputados da Casa, que reagiram de forma distinta quanto ao futuro político do colega. Enquanto alguns defendem a cassação imediata, outros preferem aguardar o andamento das investigações antes de qualquer medida.
Divergências entre os parlamentares
O presidente da Comissão de Segurança Pública da Alerj, Márcio Gualberto (PL), afirmou que a situação é insustentável e defendeu a perda do mandato de TH Joias.
“É uma vergonha completa termos um parlamentar envolvido com o tráfico de drogas ou com a milícia. Isso faz com que a população passe a olhar todos com desconfiança, infelizmente. Quem trabalha corretamente acaba sendo penalizado pelos erros de terceiros. É uma pena. Acho que é possível cassá-lo seguindo o que preconiza o Regimento Interno da ALERJ.”
Na mesma linha, a deputada Martha Rocha (PDT), ex-chefe da Polícia Civil e que deixou recentemente a Secretaria de Assistência Social do município do Rio para reassumir seu mandato na Alerj, declarou que a cassação deve ser o caminho.
“A prisão de um parlamentar acusado de envolvimento com o crime organizado é gravíssima e exige uma resposta firme das instituições. A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro não pode ser conivente com esse tipo de conduta: a cassação do mandato deve ser o caminho diante da gravidade dos fatos apresentados”, disse.
Já o presidente do Conselho de Ética, Júlio Rocha (Agir), adotou um tom de cautela. Segundo ele, é preciso esperar as apurações antes de qualquer julgamento.
“O Conselho de Ética é o último a ser acionado. Primeiro o caso passa pela Corregedoria para, só depois o colegiado emitir um parecer. É lamentável toda essa situação, mas temos que aguardar para dar uma posição mais definitiva.”
O deputado Giovani Ratinho (Solidariedade), que recentemente relatou ter recebido ameaças de morte após denunciar corrupção na prefeitura de São João de Meriti, também pediu prudência.
“Acusado todo mundo pode ser. Não podemos tomar medidas cabíveis sem o fim do julgamento. Cabe à Justiça provar algo de forma concreta para a gente poder tomar medida. E ele ainda é suplente. Não tenho que falar antes do julgamento transitar em todas as instâncias”, afirmou.
Posição da Alerj e situação do mandato
Em nota oficial, a Assembleia informou que tomou conhecimento da expedição de mandados de busca e apreensão contra o deputado, cumpridos inclusive em seu gabinete. A Procuradoria da Casa acompanhou as diligências e prestou apoio às autoridades. “A Alerj segue acompanhando o caso”, diz o comunicado.
Nos bastidores, a avaliação é que, por ser suplente, TH Joias deve deixar temporariamente o cargo. Ele ocupa a cadeira aberta com a saída de Rafael Picciani (MDB), secretário estadual de Esporte e Lazer. A tendência é que todos os secretários licenciados retornem à Alerj na próxima semana para votar projetos de interesse do governo, o que pode esvaziar a permanência do parlamentar.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/prisao-de-th-joias-surpreende-deputados-na-alerj/