
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que uma eventual prisão representaria “o fim da sua vida” e admitiu ter discutido com assessores e militares alternativas como estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal após a eleição de 2022. No entanto, ele negou que tenha tramado um golpe de Estado e disse que tais medidas foram descartadas “logo de cara”.
Quando perguntado se uma eventual prisão representaria o fim de sua carreira política, Bolsonaro foi taxativo: “É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”. E acrescentou: “Completamente injusta uma possível prisão. Cadê meu crime? Onde eu quebrei alguma coisa? Cadê a prova de um possível golpe? A não ser discutir dispositivos constitucionais que não saíram do âmbito de palavras”.
Bolsonaro, que se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de liderar uma articulação para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também voltou a criticar as investigações contra ele. “Golpe não tem Constituição. Um golpe, a história nos mostra, você não resolve em meses. Anos. E, para você dar um golpe, ao arrepio das leis, você tem que buscar como é que está a imprensa, quem vai ser nosso porta-voz, empresarial, núcleos religiosos, Parlamento, fora do Brasil. O ‘after day’, como é que fica? Então foi descartado logo de cara”.
O ex-presidente ainda negou que tenha pedido apoio para os militares. “Não pedi apoio para ninguém. Pergunta para o Freire Gomes [então comandante do Exército] se, em algum momento, eu falei golpe. Vai responder que não. Se você quer dar golpe, troca o ministro da Defesa, troca o comandante de Força, bota um pessoal disposto a sair fora das quatro linhas. Mas isso não passou pela cabeça. Você não dá golpe à luz do dia”.
Ao ser questionado se lamentava não ter reconhecido a vitória de Lula, Bolsonaro afirmou: “Não me arrependo. Eu tinha meus questionamentos. Todo candidato faz isso quando ele vislumbra qualquer possibilidade. E eu jamais passaria faixa para ele [Lula] também, mesmo que tivesse dúvidas de nada”.
Sobre as investigações que envolvem seu nome, o ex-presidente criticou o Supremo e a Polícia Federal e disse que está sendo perseguido. “Aqui [Constituição] é a minha Bíblia. Tenho um problema, recorro a isso aqui. Agora, se não se pode falar estado defesa, de sítio, se revoga isso aqui. Pronto. Agora, não pode quando alguém fala sobre esse assunto e outra pessoa tem opinião contrária, passa a ser golpe”.
Ele também negou que tenha discutido a possibilidade de fugir do país ou pedir asilo. “Zero, zero, zero. Eu acho que eu estou com uma cara boa aqui. Tenho 70 anos, me sinto bem. Eu quero o bem do meu país”.
A entrevista completa pode ser acessada no site da Folha de S.Paulo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/prisao-e-o-fim-da-minha-vida-bolsonaro-diz-que-aos-70-anos-sua-carreira-politica-acabaria/