
Em um movimento estratégico e surpreendente, o Partido dos Trabalhadores (PT) adotou as cores verde, amarelo e azul durante seu encontro nacional em Brasília, um claro contraste com o tradicional vermelho que caracteriza a legenda. A decisão de incorporar as cores da bandeira brasileira visou não apenas a celebração do patriotismo, mas também um ataque direto ao governo de Donald Trump e à ofensiva tarifária que afeta o Brasil. O evento, realizado no último sábado (2), se transformou em um palco de fortes críticas ao ex-presidente americano e à postura de aliados da direita no Brasil, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
A escolha das cores não foi por acaso. Em um contexto político onde a direita tem se apropriado da simbologia nacional, o PT busca retomar a bandeira brasileira para reforçar seu discurso de soberania nacional e distanciar-se da imagem associada ao bolsonarismo. O presidente interino do partido, Humberto Costa (PE), foi incisivo ao criticar as atitudes de Eduardo Bolsonaro, mencionando a articulação do deputado para impor sanções aos representantes do Brasil e a sua permanência nos Estados Unidos, onde se alinhou com os interesses de Trump. Segundo Costa, o Partido dos Trabalhadores tomará medidas institucionais para buscar a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
O regimento interno aprovado no evento traz duras críticas à política externa de Trump. Em um trecho do documento, o PT descreve a estratégia tarifária do ex-presidente dos Estados Unidos como “tardia e improvisada” e destaca os prejuízos econômicos que ela pode causar, não apenas ao Brasil, mas aos próprios cidadãos norte-americanos. A mensagem foi clara: o partido se posiciona contra qualquer tentativa de submeter a economia brasileira aos interesses internacionais que desconsideram as particularidades do país.
Em sintonia com a defesa da soberania, figuras históricas como a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) reforçaram o discurso de que o Brasil deve se posicionar como uma nação independente, longe de ser considerada um “quintal” ou “celeiro” dos Estados Unidos. A ex-ministra e deputada também ressaltou a importância de manter a dignidade nacional frente aos ataques externos.
O encontro não se limitou a críticas a Trump. O evento foi marcado também pela presença de figuras polêmicas do partido, como José Dirceu e Delúbio Soares, ambos condenados no escândalo do Mensalão, mas que têm se reabilitado politicamente. Dirceu, que foi ovacionado pelos militantes ao chegar, reforçou a ideia de que a luta política do PT continua firme, agora com um olhar voltado para as próximas eleições.
Além das críticas internas e externas ao Brasil, o evento contou com a solidariedade de partidos aliados latino-americanos, como o Partido Justicialista da Argentina, e incluiu a defesa da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar por corrupção. Humberto Costa aproveitou a oportunidade para reforçar a amizade e os laços com as lideranças da região, reforçando que o PT está ao lado dos companheiros da América Latina na luta por justiça e direitos humanos.
O encontro do PT deixou claro que o partido não está apenas em defesa do Brasil, mas também de uma agenda internacional que recusa a subordinação a interesses de potências globais, especialmente os Estados Unidos. Com uma estratégia de comunicação focada em valores patrióticos e uma postura firme em relação à soberania, o PT se posiciona como um ator central na política brasileira e internacional, pronto para enfrentar os desafios que se apresentam no horizonte.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/pt-adota-verde-e-amarelo-e-lanca-ataque-feroz-contra-trump-em-encontro-nacional/