
O Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou, nesta segunda-feira (17), uma mudança no estatuto que permite a reeleição de parlamentares e dirigentes partidários que já tenham exercido três mandatos consecutivos. A decisão, conduzida pela presidente da sigla, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) (foto), gerou forte debate interno e resistência de setores do partido, que ameaçam contestá-la na Justiça.
Com a mudança, deputados petistas poderão disputar um quarto mandato consecutivo, contrariando o discurso de renovação defendido pelo presidente Lula. A alteração também afeta diretamente a estrutura partidária, beneficiando dirigentes que antes precisariam deixar seus cargos.
A votação ocorreu em meio a discussões acaloradas, com disputas sobre o quórum necessário para aprovar a mudança. O secretário de Comunicação do partido, deputado federal Jilmar Tatto (SP), bateu boca com Valter Pomar, da Articulação de Esquerda. O estatuto exige quórum qualificado de dois terços do Diretório Nacional, ou seja, 62 votos, mas a alteração foi aprovada por 60. A margem apertada motivou questionamentos sobre a legalidade da decisão.
Decisão beneficia atual presidente do partido
O artigo alterado anteriormente previa que filiados não poderiam ocupar cargos em Comissões Executivas por mais de três mandatos consecutivos ou dois no mesmo cargo. Agora, essa limitação deixa de existir, abrindo brecha para a continuidade de lideranças, inclusive da própria Gleisi, que está em seu segundo mandato na presidência do partido.
Além da questão da reeleição, o PT também manteve o modelo de eleições diretas para a escolha do presidente do partido, após votação com 61 votos a favor e 24 contra. Uma ala defendia que a escolha ocorresse em um congresso partidário, com debate de teses, mas a corrente majoritária, Construindo um Novo Brasil (CNB), apoiada por Lula, defendeu a manutenção do atual formato.
A disputa interna pela sucessão de Gleisi segue intensa. O ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, candidato apoiado por Lula, enfrenta resistência dentro da própria CNB. A possibilidade de Gleisi assumir a Secretaria-Geral da Presidência poderia facilitar a construção de consenso em torno de Edinho, mas a rejeição ao seu nome persiste. Um jantar organizado por aliados para consolidar apoios foi adiado após críticas no grupo de WhatsApp da bancada petista.
Com a eleição interna marcada para 6 de julho, a tensão dentro do partido deve se manter. A flexibilização da reeleição e a definição do novo presidente do PT são temas que ainda prometem acirrar os ânimos entre diferentes alas da sigla.
Com informações da Folha de S.Paulo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/pt-aprova-reeleicao-ilimitada-e-dificulta-renovacao-disputa-pode-terminar-na-justica/