22 de novembro de 2024
PT faz alianças no segundo turno com centro e centro-direita
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As disputas pelas prefeituras em quatro capitais brasileiras neste segundo turno foram marcadas pelo apoio do PT a candidatos de centro e centro-direita contra nomes ligados a Jair Bolsonaro (PL).

O PT oficializou apoio a adversários de bolsonaristas em Belém (PA), Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB) e Palmas (TO). Nas quatro capitais, o partido declarou apoiar sem ressalvas os candidatos de centro e centro-direita contra nomes do PL.

Para o segundo turno, o PT nacional orientou seus diretórios a não apoiarem a extrema direita, confirmou um assessor do partido.

Em Belém, Igor Normando (MDB) e Delegado Eder Mauro (PL) disputam o segundo turno. Por lá, a Federação Brasil da Esperança, formada por PT, PV e PC do B, declarou apoio a Normando, que terminou o primeiro turno como o mais votado. O emedebista também é apoiado pelo governador Helder Barbalho (MDB), de quem é primo, e tem em sua coalizão predominantemente partidos de centro e centro-direita.

Normando recebeu “apoio crítico” e “estratégico” do PSOL, que também se posicionou contra a “extrema direita” na disputa. “Deixamos claro que nosso apoio não é incondicional. Não ocuparemos cargo no novo governo, fazemos isso com o compromisso de que continuaremos sempre vigilantes. Este é um apoio estratégico, uma escolha para impedir que forças reacionárias utilizem nossa cidade como um trampolim para o retrocesso em todo o país”, divulgou o diretório de Belém em nota após o primeiro turno.

Em Belo Horizonte, Lula apoia a reeleição de Fuad Noman (PSD) contra o candidato bolsonarista. Segundo apuração do UOL, o presidente buscava se coligar a Fuad já no primeiro turno. Nos bastidores, sabia-se que seu desejo pessoal era que o PT abrisse mão de candidatura própria e apoiasse o atual prefeito para vencer o bolsonarismo e sair na frente na disputa pelo apoio em 2026 do PSD, partido com mais prefeitos no Brasil.

O PT mineiro não acatou ideia do presidente e lançou nome próprio à prefeitura. O ex-candidato Rogério Correia (PT), porém, deixou a disputa na sexta posição. No dia seguinte ao primeiro turno, Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, ratificou o apoio do partido a Fuad (veja abaixo).

Em João Pessoa, o partido rachou depois do primeiro turno. Outra apuração do UOL mostrou que petistas apoiaram o prefeito Cícero Lucena (PP) contra o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL), muito ligado ao bolsonarismo. O diretório do PT na capital anunciou que apoiaria Lucena no segundo turno por “rechaçar” Queiroga, classificado como um político de “ultradireita, de teor autoritário, negacionista e ultraliberal”.

Na capital do Tocantins, o apoio ao candidato centrista foi tímido. Disputam a etapa final, em Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos) e Janad Valcari (PL). Campos recebeu apoio da federação integrada pelo PT, que o considera uma “alternativa com capacidade de diálogo” com o “campo democrático”. No primeiro turno, Valcari garantiu 39,22% dos votos válidos, ante 32,42% do adversário. As últimas pesquisas eleitorais apontam para um cenário mais acirrado entre os dois.

Em outras duas capitais, o PT rechaça voto em nomes do PL, mas sem apoio explícito a opositores. Em Manaus, onde disputam os direitistas Capitão Alberto Neto (PL) e David Almeida (Avante), o PT não oficializou apoio a Almeida no segundo turno, mas recomendou a filiados que não votem no candidato do PL apoiado por Bolsonaro.

O mesmo ocorreu em Goiânia, onde o adversário de Sandro Mabel (União) é Fred Rodrigues (PL), considerado pelos petistas um candidato que “coloca em risco a democracia”, “nega a ciência” e “dissemina o ódio”, segundo nota divulgada pela sigla.

O apoio velado do partido também pode ser notado em Santos. No município paulista, Rogério Santos (Republicanos) foi ao segundo turno com Rosana Valle (PL). Sobre a disputa, o diretório petista de Santos afirmou, em nota: “As pautas defendidas pelo PT, no primeiro turno, não estão nas duas candidaturas do segundo turno. No entanto, recomendamos que se evite o bolsonarismo e o fascismo nas urnas, votando contra a extrema direita, destacando que o Partido dos Trabalhadores é oposição a ambas as candidaturas e não tem qualquer vínculo programático com tais propostas”.

“Apoios da esquerda têm muito mais a ver com adversário do que com apoiado”, diz professor e cientista político e professor-adjunto do Departamento de Gestão Pública da FGV Marco Antônio Teixeira: “Não interessa para a esquerda ver esses candidatos avançando porque eles não apenas fortalecem o PL, como reforçam, sobretudo, o chamado bolsonarismo raiz”.

A preocupação do partido e aliados é com disputas eleitorais de 2026, mas não apenas, avalia Teixeira.

– A preocupação central nesse processo é com 2026, mas obviamente que o avanço do bolsonarismo implica também a disputa pela agenda de políticas públicas pelo país – diz. – No caso de São Paulo, por exemplo, é nítido que uma possível vitória do Ricardo Nunes [MDB] vai tornar o governo mais conservador, e isso já tem surtido efeitos. A cidade hoje já dificulta o acesso ao aborto legal e pode ter alterada a sua agenda climática nos próximos anos – exemplificou.

Com informações do UOL.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/pt-faz-aliancas-no-segundo-turno-com-centro-e-centro-direita-em-quatro-capitais-para-se-contrapor-ao-bolsonarismo-raiz/