
Cruciais para a definição da eleição presidencial de 2026, os eleitores conhecidos como “nem-nem” — que não se identificam nem com Lula nem com Bolsonaro, tampouco com posições fixas de esquerda ou direita — passaram a pesar contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em diferentes indicadores das pesquisas de opinião. Levantamento Genial/Quaest divulgado nesta semana mostra que episódios como a articulação em torno do tarifaço dos Estados Unidos e a prisão domiciliar de Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, levaram esse grupo a se inclinar mais em favor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda que a maioria siga desaprovando sua gestão. As informações são do jornal O Globo.
Um dos pontos mais sintomáticos dessa virada aparece na pergunta sobre quem representa maior risco: a continuidade de Lula no poder ou a volta de Bolsonaro ao Planalto. Entre julho e agosto, o medo do retorno do ex-presidente cresceu oito pontos no segmento “nem-nem”, refletindo também na curva geral das respostas. No total, 47% dos entrevistados rejeitam mais a volta de Bolsonaro, contra 39% que consideram pior a permanência do petista. No grupo intermediário, a diferença é ainda mais expressiva: 46% contra 25%, uma margem de 21 pontos, três vezes superior à do mês anterior.
Comparação direta entre governos
Outro aspecto em que a rejeição ao bolsonarismo se reflete é na avaliação comparativa entre os governos. Desde março, Lula vinha sendo considerado menos eficiente que seu antecessor, mas reverteu esse cenário em agosto, sobretudo graças ao peso dos “nem-nem”. Nesse segmento, o percentual dos que consideravam a gestão petista pior caiu dez pontos, passando de 37% para 27%. Já os que a veem como melhor aumentaram de 33% para 37%. Outros 32% afirmam que os dois governos são equivalentes.
A prisão domiciliar de Bolsonaro também deixou marcas claras nesse eleitorado: 60% dos “nem-nem” classificam a decisão como justa, contra 29% que a consideram indevida. A margem é ainda mais ampla do que a média da população, que foi de 55% a 39%.
Avanço da percepção sobre trama golpista
Os episódios recentes ligados às investigações também reforçaram a visão negativa sobre Bolsonaro. Entre os sem posicionamento definido, cresceu de forma consistente a percepção de que o ex-presidente teve participação na tentativa de golpe após as eleições de 2022. Em dezembro de 2024, 45% acreditavam no envolvimento, número que subiu para 52% em março e chegou a 58% em agosto. Essa tendência contribuiu para ampliar a desvantagem de Bolsonaro no recorte geral: 52% contra 36%.
Economia ajuda Lula a recuperar terreno
Além do impacto da crise do adversário, a percepção de melhora na economia também influenciou a avaliação de Lula entre os eleitores “nem-nem”. A aprovação do petista nesse grupo subiu quatro pontos em relação a julho, alcançando 42%. Embora ainda esteja atrás da desaprovação, que soma 53%, a distância entre avaliações positivas e negativas é a menor registrada neste ano.
No conjunto da população, o governo aparece com 46% de aprovação e 51% de desaprovação, o melhor resultado desde janeiro. O CEO da Quaest, Felipe Nunes, atribui o movimento a dois fatores: a desaceleração nos preços dos alimentos e a forma como Lula reagiu ao tarifaço dos Estados Unidos anunciado pelo presidente Donald Trump, “baseada na ideia de soberania nacional”.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/quaest-eleitores-nem-nem-ampliam-rejeicao-a-bolsonaro-e-reduzem-distancia-de-lula-apos-prisao-e-tarifaco/