
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, classificou como “covarde” a decisão do governo dos Estados Unidos de cancelar os vistos de sua esposa e de sua filha de 10 anos. Em entrevista à GloboNews, ele questionou a justificativa para a medida e associou a ação ao que chamou de articulação política ligada ao “clã Bolsonaro”.
“As pessoas que fazem isso e o clã Bolsonaro, que orquestra isso, têm que explicar. Não para mim, não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro: qual o risco de uma criança de 10 anos pode ter para o governo americano? Estou absolutamente indignado com essa atitude covarde”, afirmou o ministro. Ele lembrou que a filha sequer havia nascido quando, em 2013, criou o Programa Mais Médicos.
Outros países têm parceria com Cuba, lembra Padilha
Padilha rejeitou a hipótese de que a sanção esteja ligada à participação de médicos cubanos no programa. Segundo ele, 95% dos profissionais atualmente vinculados ao Mais Médicos são brasileiros e outros países que mantêm parceria com Cuba não foram alvo de retaliação. “A maior prova de que não tem nada a ver com os médicos cubanos é que o governo dos Estados Unidos não está sancionando dezenas de países que continuam fazendo a mesma parceria, inclusive a Itália”, disse.
O cancelamento dos vistos foi comunicado nesta sexta-feira (15) pelo Consulado Geral dos EUA em São Paulo. Segundo os documentos recebidos pela família, a decisão se baseou em “informações indicando” que as duas não eram mais elegíveis para o benefício. Pela regra, a medida impede a entrada nos EUA e, caso a pessoa já esteja no país, o visto deixa de valer assim que ela sai.
Integrantes do Mais Médicos também foram alvos de sanções
A ação ocorre na mesma semana em que o Departamento de Estado americano revogou os vistos de outros brasileiros ligados ao Mais Médicos, entre eles Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor do Ministério da Saúde e atual coordenador-geral para a COP30.
Em publicação nas redes sociais, a embaixada dos EUA em Brasília, citando a Agência para as Relações com o Hemisfério Ocidental, chamou o Mais Médicos de “um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas”.
Padilha defendeu o programa, afirmando que ele “sobreviverá a ataques injustificáveis” e é “aprovado por quem mais importa: a população brasileira”.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/qual-o-risco-de-uma-crianca-de-10-anos-pode-ter-para-o-governo-americano-questiona-padilha-apos-cancelamento-de-vistos/