22 de agosto de 2025
Bolsonaro deve ser denunciado pela PGR por tentativa de golpe
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Jair Bolsonaro (PL) movimentou R$ 44,3 milhões em suas contas bancárias entre março de 2023 e junho de 2025, segundo relatório da Polícia Federal (PF) obtido pela Folha de S.Paulo. O documento faz parte do inquérito que investiga suspeitas de obstrução no julgamento da trama golpista, processo que levou ao indiciamento do ex-presidente e de seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A análise teve como base informações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Segundo a PF, o período de maior concentração de recursos foi entre março de 2023 e fevereiro de 2024, quando Bolsonaro acumulou pouco mais de R$ 30 milhões. Outra fase relevante ocorreu entre 20 de dezembro de 2024 e 5 de junho de 2025, com a entrada de mais R$ 11,1 milhões. Apenas por meio de transferências via Pix, o montante chegou a R$ 20,7 milhões, dos quais R$ 19,3 milhões foram recebidos em menos de um ano. O PL, partido do ex-presidente, contribuiu com apenas R$ 1,1 milhão nesse mesmo período.

A Polícia Federal ressaltou que campanhas de arrecadação via Pix, lançadas em 2023 por aliados para custear multas e honorários advocatícios de Bolsonaro, impulsionaram parte dos depósitos. Mas o relatório também aponta indícios de lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros.

Defesa reage e nega irregularidades

A defesa do ex-presidente afirmou nesta quinta-feira (21) que recebeu com surpresa a notícia do indiciamento e declarou que “jamais houve o descumprimento de qualquer medida cautelar previamente imposta” pelo Supremo Tribunal Federal. Procurada, não comentou os detalhes da análise financeira feita pela PF. Eduardo Bolsonaro, por sua vez, reagiu com críticas duras às acusações: classificou como “crime absolutamente delirante” os argumentos que embasaram o indiciamento.

Movimentações sob suspeita

O relatório da PF analisou 50 comunicações financeiras enviadas ao Coaf envolvendo investigados na trama golpista. Oito delas tinham ligação direta com Jair e Eduardo Bolsonaro. Entre as operações identificadas estão:

– Uma transferência de R$ 2 milhões de Jair para Eduardo em 13 de maio de 2025, confirmada pelo ex-presidente em depoimento.
– Repasses de R$ 30 mil em março e R$ 40 mil em abril, quando Eduardo já se encontrava nos Estados Unidos.
– Uma transferência de R$ 2 milhões para Michelle Bolsonaro em 4 de junho de 2025, um dia antes do depoimento do ex-presidente, interpretada pelos investigadores como tentativa de evitar bloqueio judicial de recursos.

O relatório também aponta que Eduardo Bolsonaro utilizou a conta da esposa, Heloísa, para “escamotear” valores enviados pelo pai. Além disso, foram registradas 40 operações em espécie entre janeiro e julho de 2025, que somaram R$ 130,8 mil. O volume em dinheiro vivo e a ausência de rastreabilidade chamaram a atenção da PF.

Suspeitas de dissimulação

Para os investigadores, o padrão das transações indica uso de mecanismos de dissimulação da origem e do destino dos recursos, com o objetivo de sustentar atividades ilícitas fora do país. Também foram detectadas operações de câmbio que totalizaram R$ 105,9 mil, apesar de Bolsonaro estar proibido de viajar ao exterior e com o passaporte retido.

A apuração continua em andamento. Segundo a Polícia Federal, os indícios levantados podem configurar crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e financiamento de atividades ilegais.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/quantia-recebida-por-bolsonaro-desde-2023-passa-de-r-44-milhoes-e-metade-foi-via-pix/