O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, que se apresenta como Oruam, foi às redes sociais na tarde desta terça-feira (28) para chamar a Operação Contenção de “chacina”. Oruam foi preso em julho após atacar policiais com pedras e declarou filiação à facção que foi alvo da operação para ser acomodado junto com os faccionados.
Minha alma sangra quando a favela chora porque a favela também tem família, se tirar o fuzil da mão existe o ser humano”, escreveu em sua conta no X.
O filho do traficante Marcinho VP tem conhecidas relações com a facção criminosa Comando Vermelho (CV), que teria sofrido um duro golpe com a operação desta terça no Rio de Janeiro. Foram mortos mais de 55 criminosos, apreendidos mais de 70 fuzis, além de uma quantidade de drogas ainda em contabilização.
Marcinho VP, pai de Oruam, cumpre pena por assassinato, tráfico e formação de quadrilha. Já foi apontado pelo Ministério Público como um dos principais líderes do CV. O rapper, inclusive, possui tatuagens em homenagem ao pai e a Elias Maluco, outro traficante condenado, conhecido pelo assassinato brutal do jornalista Tim Lopes.
Falta de apoio
Em entrevista coletiva, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), lamentou a falta de ajuda do governo federal em operações anteriores: “As nossas polícias estão sozinhas. É uma operação maior do que a de 2010 e, infelizmente, dessa vez, como ao longo desse mandato inteiro, não temos o auxílio nem de blindados, nem de nenhum agente das forças federais, nem de segurança, nem de defesa.”
Deputados cobram explicações
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) encaminhou ofícios ao Ministério Público e às polícias Civil e Militar cobrando explicações sobre as circunstâncias da Operação Contenção.
Segundo a presidente da comissão, deputada Dani Monteiro (PSOL), a operação transformou as favelas do Rio “em cenário de guerra e barbárie”, segundo informações da agência Brasil.
De acordo com a parlamentar, a comissão acompanha “com extrema preocupação” a escalada de violência provocada pela megaoperação, que deixou, até o momento, 64 mortos, entre eles quatro policiais civis, além de vários agentes baleados.
Dani Monteiro afirmou, em nota, que “nenhuma política de segurança pode se sustentar sobre esse banho de sangue”.
“Estamos diante de uma operação letal jamais vista. O Estado não pode continuar agindo como se houvesse pena de morte, nem permitir que as favelas sejam território inimigo ou palco de espetáculo.”
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/rapper-oruam-chama-operacao-policial-no-rio-de-chacina/
