Uma parceria entre a Secretaria da Educação de São Paulo e a Universidade de Harvard inaugura uma nova fase de avaliação e desenvolvimento de políticas públicas no estado. A maior rede pública do país inicia o acordo enquanto enfrenta queda recente em indicadores de ensino e amplia iniciativas para recuperar a aprendizagem.
A secretaria estadual confirmou que a parceria reúne pesquisadores de Harvard e profissionais da rede paulista. Os grupos coordenam workshops, pesquisas e visitas técnicas para medir a execução das políticas.
Conforme a divulgação oficial, a parceria ocorre sem recursos do governo. A Associação Parceiros da Educação, uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip), financia parte das atividades e busca apoio de outras instituições. O estado mantém foco na recomposição de aprendizagem, na formação docente e no fortalecimento de avaliações.
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O presidente da organização, Jair Ribeiro, afirmou que a proposta contempla avaliar as políticas da rede e dar retorno para a secretaria “em tempo real, para melhorar a execução”. Ele destacou que a parceria enfrenta o desafio da escala, já que São Paulo reúne 5,3 mil escolas, 3,5 milhões de alunos e 190 mil professores.
A ideia também mira em tentar reverter os indicadores de ensino na educação de São Paulo. Os resultados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) apontaram São Paulo em posição de queda em comparação com anos anteriores. Em 2024, o estado registrou Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 6,2 no 5º ano e de 4,2 no ensino médio. A secretaria vai distribuir prêmios para estimular o desempenho das escolas.
A diretora do Education Lab for Latin America (Ella), ligado à Harvard, Emiliana Vegas, afirmou que as propostas serão feitas a partir de dados coletados pela Secretaria de Educação. “Usando os ricos dados já existentes no sistema educacional de São Paulo, ajudaremos a identificar oportunidades potenciais para acelerar a aprendizagem dos alunos”, disse.
Para o secretário paulista da Educação, Renato Feder, a parceria busca “desenvolver, implementar e avaliar políticas públicas” que melhorem o aprendizado dos estudantes. “Temos, agora, mais aliados que vêm para acrescentar ao nosso empenho, desde o início da gestão, para não deixar nenhum estudante para trás”.
Feder lembra que a secretaria ampliou a carga horária das matérias de língua portuguesa e matemática e criou o “Aluno Monitor”, que atua no Programa Bolsa Estágio Ensino Médio. Por meio da iniciativa, estudantes matriculados na 3ª série do Ensino Médio prestam apoio a alunos com dificuldades nas disciplinas de matemática e de língua portuguesa, recebendo bolsa mensal de R$ 296,16 (8 horas semanais) ou R$ 555,03 (16 horas semanais), durante 10 meses.
Monitores do programa Bolsa Estágio apoiam colegas em língua portuguesa e matemática. (Foto: Wander Araújo/Educação SP)Objetivo é reduzir desigualdades na educação de São Paulo
Para supervisionar os projetos, foi criado um comitê de gestão voltado à parceria com a Universidade de Harvard. As equipes organizam workshops, reuniões técnicas e programas-piloto que apoiam análises baseadas em evidências. Ribeiro pontua que o principal foco da parceria é a redução das desigualdades educacionais.
A expansão da parceria envolve universidades, organizações do terceiro setor e secretarias municipais. O objetivo é fortalecer pesquisa aplicada, inovação e políticas sustentadas por dados. As ações incluem currículo, formação continuada, avaliação e gestão escolar. O componente socioemocional também integra as prioridades da parceria.
Os projetos preveem avaliações de impacto sustentadas por modelos matemáticos. Ribeiro lembra que esse método está em aplicação em redes municipais e apoia a redução de defasagens.
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Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/sao-paulo/rede-educacao-sp-parceria-harvard-recuperar-aprendizagem/
