O ministro da Defesa, José Múcio, deve ter uma conversa com Lula nos próximos dias sobre sua permanência no governo, informa a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Interlocutores dele e do presidente afirmam que os dois mantêm uma amizade inabalável, mas que Múcio, que aceitou o delicado cargo em nome de sua lealdade com o petista, já teria sinalizado que sua missão foi cumprida — e que talvez a hora de deixar o cargo, e sua rotina massacrante, esteja próxima.
A substituição de Múcio não seria tarefa trivial: ele tem uma relação excelente com todos os comandos das Forças Armadas, que atravessam um momento turbulento com as investigações da Polícia Federal (PF) sobre uma tentativa de golpe no Brasil. Pela primeira vez desde a redemocratização, um general de quatro estrelas, Braga Netto, foi preso.
Por isso Lula estuda nomes de peso para o lugar, caso Múcio de fato saia do governo, dizem interlocutores do presidente. E o nome que emerge é o do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB-SP), que hoje comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Alckmin teria a serenidade e a autoridade necessárias ao cargo, além de contar com a plena confiança de Lula.
Ao ser deslocado para a Defesa, Alckmin deixaria a vaga para o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deve ser incorporado ao governo neste ou em outro cargo na reforma ministerial.
Lula (PT) vem intensificando os diálogos sobre alterações em seu governo. Uma das mudanças consideradas certas é na Secretaria de Comunicação (Secom).
O presidente já convidou o publicitário Sidônio Palmeira para comandar a pasta no lugar do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).
A partir desse deslocamento prioritário, outros desenhos estão sendo debatidos no governo.
A ideia inicial de Lula era a de que Pimenta retornasse ao Congresso Nacional para ser líder do governo. O presidente gosta dele e o considera combativo e preparado para um embate legislativo que se mostra cada vez mais duro para a sua administração.
A área política seria reforçada com o deslocamento do atual ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa (Republicanos-PE), para a Secretaria de Relações Institucionais no lugar de Alexandre Padilha (PT-SP), que iria para a Secretaria-Geral no lugar de Márcio Macedo, ou então para o ministério da Saúde no lugar da ministra Nisia Trindade. Ele já comandou a pasta.
Há, no entanto, problemas e resistências a serem superados para que esta solução se consolide.
O primeiro deles: Paulo Pimenta teria sinalizado que deseja permanecer no governo. Neste caso, ele poderia ir para a Secretaria-Geral. Mas há o segundo problema: o presidente gosta de Márcio Macedo, que foi tesoureiro de sua campanha em 2022. E teria dificuldade em não deslocá-lo para outro cargo. Mas não há muitos disponíveis no atual contexto político.
O próprio Macedo, em uma conversa nesta semana em Brasília com jornalistas sobre a eventual reforma ministerial, afirmou que tem “um monte de inimigos”.
“Eu tô muito feliz com o que eu tô fazendo, deve incomodar muita gente, porque olha eu não sou do Brasil profundo, eu não sou de São Paulo, eu não sou, como a gente chama, ‘do Sul’, nem do Sudeste. Eu venho do meu estado político [Sergipe], do menor estado da federação. Isso deve incomodar muita gente, né?”, afirmou ele sobre o que definiu como “plantações” de que poderá deixa o ministério.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/reforma-ministerial-do-governo-lula-pode-ter-alckmin-na-defesa-e-rodrigo-pacheco-na-industria-e-comercio/