Relator da anistia busca ‘meio-termo’ em novo texto e aposta em consenso para ‘pacificar’ o país

O deputado Paulinho da Força foi escolhido para ser relator do projeto de anistia em discussão na Câmara dos Deputados. Em entrevista ao programa Conexão, ele afirmou que pretende elaborar um texto que fique em um ponto de equilíbrio, evitando extremismos e privilegiando a construção de um consenso político. A expectativa é de que a proposta seja votada já na próxima semana.

Segundo o parlamentar, a estratégia inclui diálogos com governadores, como o de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e com líderes do Congresso, especialmente representantes do Centrão.

Busca por consenso

Paulinho destacou que a meta principal é construir uma proposta capaz de reduzir tensões e pacificar o debate em torno dos atos de 8 de janeiro. Ele defendeu que a anistia não deve atender exclusivamente a uma corrente ideológica, mas sim buscar um caminho comum.

“A gente quer tentar construir um projeto que não seja nem tanto à direita, nem tanto à esquerda, mas que a gente possa pacificar o país. Um projeto meio termo. Tenho uma relação aqui histórica entre 19 anos de casa, conheço todo mundo aqui, trabalhei com todos, tanto para a esquerda quanto para a direita, vou conversar tanto à esquerda quanto à direita e com o centro, especialmente, para a gente construir. A gente quer organizar esse texto para poder encaminhar para todos e tentar um consenso disso. Eu tenho brincado que tentar fazer aqui o que os gregos e os troianos não fizeram. Tentar agradar gregos e troianos”, disse.

De acordo com o deputado, a negociação pode incluir a redução de penas para os condenados pelos atos antidemocráticos.

Diálogo com o STF

Paulinho também ressaltou que sua escolha para relatoria se deu em parte por sua proximidade com o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele frisou que o objetivo não é confrontar a Corte, mas buscar uma redação que não desagrade aos ministros.

“Tenho uma relação histórica com o Supremo. Vou conversar com este período. Não queremos conflito com os ministros do STF”, destacou.

Próximos passos

Com a definição da relatoria, a Câmara deve intensificar as discussões sobre o tema nos próximos dias. O projeto da anistia, que já é considerado um dos mais polêmicos da atual legislatura, ganhou força com a aprovação do regime de urgência, o que permite que seja votado diretamente em plenário sem passar pelas comissões.

A expectativa é de que a proposta seja um dos principais embates políticos da próxima semana em Brasília.