O ex-governador do Paraná e ex-senador Roberto Requião, e o filho, o deputado estadual Requião Filho, vão se filiar ao PDT no próximo dia 16 de julho, em cerimônia na sede nacional do partido, em Brasília. O movimento representa um novo capítulo na trajetória política da família Requião após o rompimento com o PT, marcado por críticas contundentes à condução do governo Lula e à estratégia política da sigla.
A saída de Requião pai foi anunciada em 27 de junho, durante uma transmissão ao vivo no blog do jornalista Esmael Morais. Na ocasião, ele afirmou que deixou o PT por “divergência de princípios”, acusando o partido de ter perdido “sua função transformadora” e de estar subordinado a um “jogo da extrema direita e centro-direita”.
“Saí quando vi que o PT não era mais um instrumento de transformação no Brasil nesse momento. Claro que tem gente maravilhosa no partido, mas estão entregando nossos princípios, entregando a soberania do país”, disse o ex-governador, ao criticar o apoio do governo federal à venda de estatais como Copel, Sanepar e o Porto de Paranaguá. Ele também atribuiu ao governo Lula a responsabilidade pela retomada dos pedágios no Paraná.
Em sua conta no X (antigo Twitter), Requião reafirmou que sua posição política permanece a mesma: “Minha posição nacionalista, progressista, a favor do povo do Paraná e do Brasil continua. Saí do PT! Você sabe o porquê.”
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), lamentou a desfiliação. Em nota publicada nas redes sociais, classificou as críticas de Requião como “injustas” e defendeu a política de alianças do governo Lula. “Requião sabe como foi importante a frente política mais ampla que construímos no PT para eleger Lula e, aí sim, livrar o Brasil de um governo de extrema-direita”, declarou.
Requião foi filiado ao MDB por quase 40 anos, até 2021, e ingressou no PT em 2022, com a missão de fortalecer o palanque de Lula no Paraná. Apesar do rompimento, ele ainda repetia que não se arrependia do apoio ao presidente na eleição contra Jair Bolsonaro.
Seu filho, Requião Filho, deixou o PT em abril e confirmou à direção estadual do PDT que seguiria para a legenda. Nesta quinta-feira (3), ele anunciou publicamente a data da cerimônia de filiação. “O PDT tem história, especialmente aqui no Sul, com o brizolismo. É um partido de posições claras. Nossa ideia é reconstruí-lo e devolver a importância que já teve na política nacional”, afirmou.
Requião Filho está no terceiro mandato como deputado estadual e já se apresenta como possível candidato ao governo do Paraná em 2026. Com apenas um representante na Assembleia Legislativa — o deputado Goura —, o PDT local integra hoje a oposição ao governador Ratinho Junior (PSD), em aliança com a bancada petista.
No cenário nacional, o PDT também vive momentos de tensão com o governo Lula. Após a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência, em maio, a bancada do partido na Câmara anunciou rompimento com o governo. A entrada dos Requião na sigla reforça o setor mais crítico da esquerda e sinaliza uma rearticulação interna com vistas à disputa de 2026.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/requiao-e-filho-formalizam-filiacao-ao-pdt-apos-romperem-com-o-pt-perdeu-sua-funcao-transformadora/
