A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, agravada pela decisão do governo de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, provocou um novo embate político neste domingo (13). O ministro da Casa Civil, Rui Costa, criticou duramente a postura da família Bolsonaro e comparou os vídeos divulgados pelos filhos do ex-presidente a “filmes de sequestradores”.
“Eu vi os vídeos dos filhos dele. Parece aqueles vídeos de filmes de sequestradores. O cara começa a estipular a condição e diz: ou você me paga, ou faz o que eu quero, ou vocês vão sofrer as consequências. Parece vídeo de sequestrador que impõe às famílias condições para devolver o seu ente querido”, afirmou o ministro durante agenda na Bahia.
Para Rui Costa, a reação de parlamentares bolsonaristas à medida adotada por Trump — apresentada como um gesto de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe — ultrapassa os limites da política. “O que me entristece é ver brasileiros eleitos pelo povo trair o seu povo e defender outra nação, outro governo, em detrimento do nosso país”, disse.
O ministro também fez críticas à gestão Bolsonaro durante a pandemia e afirmou que a nova postura dos aliados do ex-presidente revela um agravamento do comportamento político do grupo. “Com certeza ficará registrado na história como uma lembrança triste, como ficou o governo deles. A lembrança que o povo tem é um governo que levou a 700 mil mortes de covid porque pregava não usar máscara, não se vacinar. E agora a gente está vendo coisa até pior, uma postura de sequestrador por parte da família deles”, declarou.
Reação de Flávio Bolsonaro
As declarações provocaram reação imediata. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) rebateu os ataques afirmando que Rui Costa age com “amadorismo” e acusou o governo Lula de negligenciar a gravidade da crise. “Prefere ver o Brasil ser taxado em 200% do que sentar como adulto na sala”, disse Flávio à imprensa.
Segundo o senador, o Planalto tem priorizado o confronto político em vez de construir soluções diplomáticas. “Fico impressionado com o amadorismo de Rui Costa. Está mais preocupado em culpar alguém do que resolver a grave situação que o Brasil se encontra, em parte por causa da catastrófica política externa de Lula”, afirmou.
Flávio também aproveitou para defender a aprovação de um projeto de anistia no Congresso Nacional como forma de tentar reverter a sobretaxa norte-americana. “Espero contar com os votos do PT no Congresso para aprovar, o mais rápido possível, a anistia ampla, geral e irrestrita. Esse é o primeiro passo para a taxação de 50% não entrar em vigor já agora no dia 1º de agosto. Quem for contra a anistia, é contra o Brasil”, declarou.
A sobretaxa anunciada por Donald Trump foi divulgada por meio da rede Truth Social, em uma carta em que o ex-presidente norte-americano vinculou a medida à defesa de Jair Bolsonaro, hoje investigado por tentativa de subversão da ordem democrática.
O impasse expôs novamente a divisão política interna no Brasil e criou mais uma camada de tensão entre o Palácio do Planalto e os aliados do ex-presidente. Enquanto o governo Lula prepara uma reação institucional à medida dos EUA, parlamentares bolsonaristas pressionam pela anistia como contrapartida exigida por Trump, aprofundando o embate político em meio à crise internacional.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/rui-costa-compara-familia-bolsonaro-a-sequestradores-e-flavio-reage-dizendo-que-prefere-ver-o-brasil-ser-taxado/
