22 de setembro de 2024
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A polêmica sobre a “taxação das blusinhas” – a cobrança de um imposto federal de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50 – tem dominado as discussões nas redes sociais e o lobby da indústria e do varejo no Brasil. Porém, essa questão quase foi paralisada devido a uma briga política em Alagoas.

Nesse terça-feira (4), o relator do projeto no Senado, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), surpreendeu tanto o governo quanto a oposição ao anunciar que não levaria o tema à votação, contrariando Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e principal defensor da medida.

Como informa Daniela Lima, no g1, a decisão de Cunha enfureceu Lira, que inicialmente culpou o governo. Em resposta, Lira telefonou para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que estava fora do país, ameaçando obstruir parte da agenda econômica. Haddad, por sua vez, acionou o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e alertou que a mudança de postura de Cunha poderia ter graves consequências para o governo.

Horas depois, ficou claro que a reviravolta de Cunha estava relacionada a disputas políticas locais. Ele foi cotado para ser vice na chapa do atual prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC). Lira havia apoiado JHC há quatro anos, mas os dois romperam. Lira sugeriu três nomes para vice-prefeito, todos aliados seus, mas JHC preferiu Cunha. Caso Cunha se eleja vice e deixe o Senado, sua vaga seria ocupada por Eudócia Caldas, mãe de JHC.

Desafiado por aliados em Alagoas, Lira reagiu energicamente, conseguindo dois resultados significativos: 1) Forçou o governo Lula, que evitava a “taxação das blusinhas” temendo repercussão negativa, a se posicionar em defesa da medida; 2) Expôs como a eleição municipal já afeta as dinâmicas do Congresso Nacional.

No final, a quase rebelião na Câmara, motivada pela disputa em Alagoas, virou motivo de piada no Senado. “Tem uma pessoa que está rindo muito disso tudo”, comentou um líder do governo. “Renan Calheiros [adversário de Lira] está na arquibancada observando e levantando duas plaquinhas de hora em hora. A primeira: ‘Eu já sabia’. A segunda: ‘Eu avisei’”.

Em entrevista ao Jornal das Dez, da GloboNews, na noite desta terça-feira (4), Rodrigo Cunha negou que sua decisão tenha relação com o cenário eleitoral de Alagoas, afirmando que o Senado “não teve tempo de maturação” para o tema.

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Fonte: https://agendadopoder.com.br/saiba-como-briga-paroquial-pela-prefeitura-de-maceio-tumultuou-votacao-da-taxa-da-blusinhas/