17 de novembro de 2025
Santa Catarina lidera inovação no Brasil
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O avanço da Inteligência Artificial (IA)e seu impacto econômico foi destaque no “Radar Summit 2025”,evento realizado na semana na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), estado que lidera o campo da inovação no Brasil.

“É um momento em que podemos dividir experiências, entre vivências da indústria de Santa Catarina e do Brasil. Esta interação entre os diversos players nos permite um crescimento expressivo”, declarou André Odebrecht, 1º vice-presidente da federação catarinense.

Um dos estudos apresentados apontou que, até 2030, tecnologias habilitadas por IA, como biotecnologia, nanotecnologia e robótica, poderão gerar impacto econômico três vezes superior ao provocado pela internet nas últimas décadas.

Para o chefe da equipe de inteligência artificial da Totvs, Ramon Martins da Silva, a IA trouxe uma nova lógica para o mundo dos negócios, que deve tornar abundantes processos antes limitados pela capacidade humana, abrindo espaço para novos modelos produtivos e tomadas de decisão mais estratégicas. “Estamos diante da primeira tecnologia criada pelo ser humano capaz de liberar o nosso recurso mais escasso: o tempo”, enfatizou, ao destrinchar o impacto econômico previsto pelo uso da IA.

O painel de “Liderança global em tempos desafiadores” reuniu nomes como Chad Holliday, ex-diretor-executivo do Bank of America, e Eduardo Vetter, da Eletroaço Altona. Já no painel “Cultura – Fator crítico para o sucesso”, os executivos Rosemeri Francener (Duas Rodas), José Maurício Coelho (C-Pack) e Luciano Abrantes (Portobello) enfatizaram que a cultura organizacional é um dos principais ativos das empresas, integrando comportamento, inovação, segurança e excelência operacional.

Ramon Martins da Silva, da Totvs, durante palestra sobre os impactos da IA no futuro dos negócios. (Foto: Júnior Somensi/Fiesc)

Inovação para impulsionar o desenvolvimento do Brasil

O presidente da Fiesc, Gilberto Seleme, destacou a necessidade de qualificar a visão de futuro do segmento industrial, em conjugação com a análise renovada sobre o impacto econômico da IA. “Em um momento de tantas mudanças, incertezas e pressões externas, precisamos mais do que nunca de ambientes como este, que inspiram, provocam e conectam”, disse ele.

O economista Paulo Gala, da Fundação Getúlio Vargas, enfatizou a importância da inovação para o crescimento do Brasil. Segundo ele, é preciso um olhar atento para as máquinas, para a indústria e também para o software. “O que enriquece um país são os serviços sofisticados ligados à produção industrial”.

Executivo da Totvs: “IA é a primeira tecnologia capaz de liberar o tempo humano”

“Quando se compara o Brasil com Taiwan, percebe-se que o país asiático exporta o dobro de produtos com alta complexidade tecnológica. É preciso aumentar a complexidade e a sofisticação dos sistemas produtivos“, alertou o economista.

Gala observou que a América Latina não conseguiu avançar de forma significativa nesse sentido, com exceção parcial de Brasil e México, que vêm apresentando algum progresso. Nesse contexto, destacou Santa Catarina como um dos estados mais complexos e inovadores do país, resultado da forte integração entre tecnologia, diversificação e internacionalização dos negócios.

O estado de Santa Catarina projeta a atração de R$ 4,4 bilhões em investimentos do setor privado, que prometem gerar 18,6 mil empregos nos próximos quatro anos. Para isso, foram aprovados 50 novos projetos em programas de incentivos fiscais que apostam em inovação, economia circular e energia renovável.

A estratégia do governo catarinense é fortalecer o setor, atrair novos negócios e ampliar a competitividade. Santa Catarina é o estado com a menor taxa de desemprego do país (2,2%). Junto com Rondônia (2,3%), o resultado deixa esses dois estados brasileiros à frente de todos os países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), incluindo o G7, formado por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.

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Liderança, cultura e diversificação também pautaram o evento

Com transmissão disponível no canal da Fiesc no Youtube, o “Radar Summit 2025” reuniu especialistas em três painéis temáticos com desafios modernos para industriais e empreendedores. Para o ex-diretor-executivo do Bank of America, há duas habilidades que as empresas devem desenvolver em tempos desafiadores: resiliência e comunicação.

“A primeira abre espaço para o exercício da criatividade em momentos difíceis. Já a comunicação direta com colaboradores e parceiros comerciais possibilita a real compreensão dos desafios e também o surgimento de soluções inovadoras”, disse Holliday.

SC aposta em incentivos para modernizar indústrias e ampliar arrecadação.

Por sua vez, o vice-presidente da Eletroaço Altona exemplificou como a própria empresa investiu em inovação no Brasil, com a diversificação dos produtos desde 2015 para ampliar a previsibilidade dos negócios. Hoje, a empresa atende clientes de 27 segmentos pelo mundo, de empresas de geração de energia e fabricantes de trens e navios, até a construtora da Esfera de Las Vegas e da nova base da Nasa para o lançamento da espaçonave que vai a Marte.

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A colaboração na formação do valor de uma empresa

O consultor Fernando Cestari de Rizzo enfatizou como os hábitos dentro das organizações podem ser transferidos para a vida pessoal dos colaboradores. “É fundamental que os líderes sejam capazes de ter consciência na forma como conduzem esses assuntos. As culturas organizacionais são efetivas quando são compartilhadas com o time”, disse.

Abrantes apresentou como o grupo Portobello tem mantido a cultura da excelência operacional para se manter no mercado. Segundo ele, isso pode ser percebido nas 170 lojas da marca, que seguem o mesmo modelo de atendimento e padrão de exposição.

inovação no Brasil e IA impacto econômico foram temas de debate na FiescA presidente-executiva da Duas Rodas, Rosemeri Francener, trouxe para o evento a importância da cultura no centenário da empresa de Jaraguá do Sul (SC). (Foto: Júnior Somensi/Fiesc)

Coelho, da C-Pack, defendeu que nenhuma empresa pode subestimar a capacidade das pessoas de colaborar. Para ele, equipamentos não determinam o sucesso das organizações; é preciso abrir espaço ao “universo de possibilidades de colaboração” das pessoas.

“Você precisa contar com as melhores pessoas, e essas melhores pessoas precisam ser desenvolvidas. É necessário criar um ambiente propício à colaboração (…). As lideranças precisam desenvolver este ambiente e dar o exemplo”, afirmou.

A presidente da Duas Rodas, Rosemeri Francener, citou a cultura como um dos diferenciais que levaram a empresa de Jaraguá do Sul (SC) ao seu centenário, que será celebrado no próximo 1º de dezembro. “A cultura permeia as entranhas da empresa e nem sempre a gente consegue explicá-la de forma concreta, sólida. Ela se traduz nos nossos hábitos”.

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Os desafios de imagem na construção de uma marca

Ao abrir o painel “Reputação em jogo”, Fábio Santos, presidente da Associação Brasileira das Agências de Comunicação, apresentou uma definição simples: “reputação é aquilo que falam da gente quando a gente não está na sala”. Ao abordar o tema, Santos falou de como a comunicação evoluiu de estratégia para se tornar essencial na existência das empresas.

Um exemplo foi mencionado por Júlio Franco, executivo de imprensa da Tigre, empresa de Joinville (SC) com mais de 5 mil colaboradores, 21 unidades fabris e faturamento superior a R$ 5 bilhões anuais. Segundo ele, o foco da empresa é mais voltado a proteger a imagem do que promover o nome. Ele apresentou o surgimento do “jogo do tigrinho”, que fez o nome “Tigre” quase desaparecer na rede social Instagram por bloqueio associado às apostas online.

Diretor-presidente da Habitasul, José Mateus falou de como Jurerê Internacional promoveu iniciativas para resgatar a reputação da marca, hoje conhecida fora do Brasil: o fortalecimento da autoestima dos colaboradores, o relacionamento com entidades e o poder público, além de um rebranding da marca, com mudanças nos conceitos de convivência, família, esporte, saúde e valorização da vida diurna.

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/santa-catarina/santa-catarina-lidera-inovacao-brasil-perde-corrida-tecnologica-para-asia-ia-impacto-economico/