É o mesmo que a população da cidade de São Paulo, 12 milhões de pessoas. Este é o número de devotos que devem visitar o Santuário Nacional de Aparecida, no Vale do Paraíba, a cerca de 180 quilômetros da capital paulista, até o fim do ano. Confira ao final desta reportagem o que visitar no Santuário Nacional de Aparecida.
Em 2024, foram 9 milhões de devotos, um crescimento de cerca de 2,4% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 8,8 milhões. A estimativa de aumento para 2025 se deve ao Ano Jubilar, celebrado pelos católicos a cada 25 anos.
O Santuário Nacional comporta 35 mil pessoas por celebração. Só neste 12 de outubro serão seis missas. Entre 3 e 12 de outubro de 2024, a Basílica recebeu mais de 320 mil devotos.
“A intenção é oferecer o melhor a todo romeiro que vem à casa de Nossa Senhora. Temos um grande time de voluntários que vem trabalhar na tenda dos peregrinos, que reforça o posto médico, que ajuda a acolher. É uma atenção para viver bem o dia de Nossa Senhora e cada peregrinação que chega”, explica o missionário redentorista padre Lucas Emanuel, da organização dos eventos no Santuário.
Festa da Padroeira deve movimentar R$ 168 milhões em Aparecida
Na semana da festa da Padroeira, os turistas chegam em Aparecida de carro, ônibus, excursões ou mesmo peregrinando a pé, de bicicleta e a cavalo. Muitos se hospedam na cidade. Segundo o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (Sinhores), Aparecida oferta 40 mil leitos, em 650 hotéis. São cerca de 130 restaurantes e o setor emprega em média 7 mil funcionários.
De acordo com o Centro de Inteligência da Economia do Turismo, ligado à Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo, são esperados 450 mil visitantes durante a festa da Padroeira neste ano. A maior concentração ocorre aos finais de semana, quando cerca de 150 mil pessoas chegam à cidade, permanecendo em média de três a quatro dias.
A estimativa do órgão é de que a celebração em Aparecida gere R$ 168,8 milhões em movimentação financeira direta. “O turismo religioso é cada vez mais pujante no estado de São Paulo e isso fica evidente em eventos como a festa da Padroeira em Aparecida. O turismo movimenta toda a cadeia econômica e gera emprego e renda para a população”, afirma o secretário Turismo e Viagens de São Paulo, Roberto de Lucena.
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Nicho onde está a imagem encontrada em 2017 é o local mais visitado
A pedra fundamental da Basílica de Aparecida foi lançada em 10 de setembro de 1946. A construção começou efetivamente em 11 de novembro de 1955. O altar principal foi consagrado em 1980 pelo papa João Paulo II, que concedeu o título de Basílica Menor. Logo depois, em 1983, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica como Santuário Nacional.
A transladação da imagem de Nossa Senhora Aparecida, da Basílica Velha para a Basílica atual, ocorreu em 3 de outubro de 1982. Desde então, três papas visitaram o Santuário: João Paulo II (1980), Bento XVI (2007) e Francisco (2013).
O complexo do Santuário Nacional ocupa 1.352.765 m², com 142.865 m² de construções. A igreja em formato de cruz grega possui 71.936 m². A cúpula tem 70 metros de altura e a torre do relógio chega a 109 metros. A administração da Basílica afirma que, desde 1963, a cruz de 10 metros no topo da torre guarda um fragmento do madeiro em que Jesus Cristo foi crucificado.
O local mais visitado está na área sul do Santuário Nacional, um grande totem dourado de quase 37 metros, que guarda a imagem original do século XVII, feita em barro paulista. A escultura, encontrada por pescadores nas águas do Rio Paraíba em 1917, é protegida por um vidro blindado de 205 quilos.
Santuário Nacional de Aparecida inspira pela arte e fé
Os mosaicos revestem as fachadas do Santuário e narram histórias bíblicas. A área leste traz inspiração do livro do Gênesis, a norte do Êxodo, a sul do Novo Testamento e a vida de Jesus e a oeste do Apocalipse. Cada fachada tem cerca de 50 metros de altura, com revestimento de até 4 mil metros². As colunatas na área oeste somam 650 metros² e são homenagem aos apóstolos de Cristo.
O Campanário do Santuário Nacional mede 37,5 metros de altura, o equivalente a um prédio de 12 andares. Cada sino homenageia um dos 12 apóstolos, além de bispos e cardeais que marcaram a história da Padroeira do Brasil desde 1717. O 13º sino, maior que os demais, homenageia a Virgem de Aparecida e São José.
A torre dos sinos foi um dos últimos projetos do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, um dos responsáveis pelo projeto de Brasília. A estrutura lembra mãos em prece. A concepção artística dos sinos é do artista sacro Cláudio Pastro, responsável pelo projeto artístico-teológico do interior da Basílica de Aparecida. Os sinos funcionam de duas formas: através de toques mecânicos comuns ou reproduções musicais personalizadas, tocadas por teclado próprio.
Os Missionários Redentoristas administram o Santuário Nacional desde 1982. O reitor é o padre Carlos Eduardo Catalfo, que assumiu a função em 2019. Dom Orlando Brandes é o arcebispo da Arquidiocese de Aparecida desde 2016.
Capela recicla as velas, um símbolo da fé que se renova
As velas do Santuário Nacional são um dos maiores símbolos de devoção e agradecimento dos devotos. O espaço que abriga essas manifestações é a Capela das Velas, um dos locais mais visitados de Aparecida.
Construída na década de 1970, a capela recebe desde pequenas velas tradicionais até versões que chegam a dois metros de altura. Muitos devotos, em sinal de gratidão por graças alcançadas, acendem velas em formatos de partes do corpo — como braços, pernas ou cabeça.
Para segurança e preservação, o espaço conta com filtros e exaustores que reduzem a poluição causada pela queima da parafina. Durante um fim de semana intenso, o Santuário Nacional estima que a Capela das Velas produza cerca de 10 toneladas de parafina.
A equipe do Santuário Nacional recolhe o material excedente e o derrete no subsolo. Em seguida, acondiciona o resíduo em poços até secar, em um processo que dura de cinco a seis horas. Depois, reciclam esse material e o transformam em novas velas. A decoração da capela faz referência à passagem bíblica da Sarça Ardente, presente no livro do Êxodo, com uma cruz central, criada pelo artista sacro Cláudio Pastro.
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Cuidado e logística para acolher os devotos da padroeira do Brasil
O estacionamento do Santuário oferece 2 mil vagas para ônibus e 3 mil para carros de passeio. Há cerca de 200 seguranças patrimoniais e, em datas especiais, reforço de 400 policiais militares. Quarenta e oito câmeras fixas, oito móveis, viaturas e motocicletas monitoram o complexo, realizando rondas diuturnas.
São 1,2 mil funcionários diretos do Santuário, chegando a 3 mil durante celebrações de maior fluxo, como a festa da Padroeira, Natal, Ano Novo e Páscoa. O Santuário Nacional possui infraestrutura de saúde, com posto médico para atender os romeiros. Um outro atendimento é o do Centro de Informações Turísticas e Religiosas, que auxilia na localização de pessoas e objetos perdidos.
O que visitar no Santuário Nacional de Aparecida
O complexo da Basílica de Nossa Senhora Aparecida oferece várias atividades para os romeiros. Há duas praça de alimentação e mais de 300 lojas em um shopping interno, no pátio do Santuário Nacional. No subsolo da igreja há uma outra praça de alimentação e a Sala das Promessas. Os estúdios da TV e Rádio Aparecida, canais católicos de evangelização, também estão no subsolo. Abaixo, os detalhes dos locais:
Sala das Promessas
No subsolo da Basílica fica a Sala das Promessas, onde os devotos prestam agradecimento e homenagens à Nossa Senhora. Pelo menos 70 mil fotografias estão coladas no ambiente. Entre as doações mais famosas estão uma réplica do joelho do jogador de futebol Ronaldo Fenômeno, um capacete de Ayrton Senna, CDs do cantor Roberto Carlos e uma mochila do humorista Didi.
Bondinhos
Os bondinhos permitem um passeio com visão ampla da cidade e do Santuário Nacional. Cada um dos 47 veículos transporta até seis pessoas. Assim, o passeio percorre 1.170 metros sobre a cidade e a Rodovia Presidente Dutra, com embarque na Estação Santuário e desembarque na Estação Cruzeiro.
Passarela da Fé
Com 392,2 metros de comprimento, a passarela conecta a Basílica Velha ao Santuário Nacional. Além disso, peregrinos a utilizam para pagar promessas, caminhando ou de joelhos. O caminho se tornou símbolo de fé e devoção durante peregrinações.
Basílica Histórica
O primeiro santuário dedicado à Nossa Senhora Aparecida foi o terceiro local a abrigar a imagem original. Foi inaugurado em 24 de junho de 1888 e restaurado em 2004. A Basílica Histórica permanece aberta para visitação e celebrações religiosas.
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Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/santuario-nacional-de-aparecida-milhoes-de-devotos-ano-jubilar/
