O prefeito Eduardo Paes foi entrevistado, nesta quarta-feira, 27, no seminário “Caminhos do Rio”, promovido pelos jornais O GLOBO e Extra. O encontro foi mediado pelos colunistas Lauro Jardim e Malu Gaspar, do GLOBO. O objetivo é discutir os desafios da próxima gestão do município e os seus impactos no futuro da cidade. O seminário foi transmitido ao vivo pelo Facebook dos dois veículos e no canal YouTube do GLOBO.
O prefeito Eduardo Paes disse, durante o evento, que dará início, na segunda-feira, a um gabinete de transição para o quarto mandato. A equipe será coordenada pelo vice-prefeito eleito, Eduardo Cavaliere, e as reuniões serão no prédio do Impatec, na Zona Portuária.
— A gente tem que tratar de certos temas de forma transversal, buscando um desenvolvimento sustentável e de inovação. Isso inclui propostas para modernizar o transporte por ônibus e BRTs — disse.
Paes brincou lembrando que existe no folclore político o fenômeno conhecido como “maldição do terceiro mandato”.
— Consegui escapar da “maldição do terceiro mandato”. Tenho certeza que o quarto governo será o melhor.
Um dos papéis do escritório de transição será a criação de um programa para desapropriação de galpões e depósitos abandonados no entorno da Avenida Brasil. Essas áreas seriam renegociadas com o setor privado, para a abertura de estabelecimentos comerciais, por exemplo. Sobre o projeto Reviver Centro para mudar o perfil da região e atrair moradores, Paes avalia que o resultado é positivo:
— O Centro já deu certo. Pela primeira vez em quatro décadas, o Centro superou a Barra em lançamentos residenciais. Isso que a gente está vendo no Porto Maravilha, mas processos de revitalização urbana demoram.
Paes diz que o desenvolvimento imobiliário demorou um pouco inicialmente para deslanchar por conta de uma crise econômica que causou estagnação. Mesmo assim, houve avanços desde 2009 quando foi lançado o projeto Porto Maravilha.
— Em oito anos, já foi um milagre. Derrubamos a perimetral e implementamos infraestrutura. Esse olhar na transversalidade envolve a reabilitação do Centro. Historicamente a cidade se expande horizontalmente, exigindo mais serviços da prefeitura — disse.
Questionado sobre a questão da segurança na cidade e o crescimento de favelas e áreas conflagradas, o prefeito reforçou que atua em complemento as ações do Governo do Estado.
— Hoje a ação da prefeitura é muito complementar à ação do Governo do Estado. O nosso papel é diminuir o espaço de atuação que a milícia e o tráfico de drogas têm para explorar atividades econômicas. Uma delas é a indústria imobiliária, o que não é novidade para ninguém. A gente está coibindo. Boa parte de nossas ações se dão em construção em andamento. Mas claro que existe uma dificuldade — disse Eduardo Paes.
Segundo o prefeito, apesar de coibir a expansão horizontal de favelas, a verticalização ainda é um dos maiores desafios urbanos para a gestão municipal.
— Eu vejo isso como uma dificuldade histórica. É difícil de controlar. O crescimento horizontal a gente consegue acompanhar anualmente, estabelece metas de redução. Tem um problema que é uma soma de falta de respeito às normas e regras (para construção) de que as pessoas passarão impunes, isso acontece. Não é simples, mas obrigação da prefeitura fiscalizar — aponta Eduardo Paes.
Paes disse ainda que no novo governo, Eduardo Cavaliere vai ter papel ativo, mas não assumirá qualquer secretaria. Ele antecipou que pretende criar uma nova pasta: a secretaria de Empreendedorismo e Cidadania:
— O diálogo com os partidos da nossa aliança será feito com o deputado Pedro Paulo. São decisões que começo a anunciar a partir de segunda. O que pedi ao Eduardo Cavaliere é para eliminar gorduras. Como se o novo governo fosse de oposição ao anterior. O compromisso é com a cidade, independente dos partidos políticos.
Sobre a mudança do Estatuto dos Servidores públicos em discussão na Câmara do Rio, Paes defendeu as mudanças que propõe. Uma delas diz respeito às regras de contagem do tempo de aula dos professores. O projeto seria votado em primeira discussão na terça-feira, mas a votação foi suspensa depois que o plenário foi invadido.
— A educação do município é um sucesso. Temos 45 mil profissionais da educação e 25 mil devem ter sido nomeados por mim. O Sepe é muito politizado. Basta ver o perfil de quem foram os invasores —disse Paes, que explicou que a mudança proposta toma como base uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
— A regra atual (que conta as horas de forma integral) significa uma despesa de R$ 300 milhões. Com esse dinheiro poderia colocar 180 mil crianças em sala de aula em tempo integral — disse Paes.
Ele também defendeu o item que acaba com o mecanismo da licença-prêmio, que permite ao servidor tire três meses de licença a cada cinco anos de trabalho.
— A licença-prêmio só acontece no Rio. O que acontece é que servidores não exercem e depois entram na Justiça. Só esse ano são R$ 500 milhões em precatório — disse o prefeito.
Quarto mandato
Reeleito em primeiro turno para o quarto mandato, feito inédito na história do Rio, Eduardo Paes se prepara para um novo período no comando da cidade. Com maioria na Câmara Municipal, ele inicia o ciclo colhendo os acertos das administrações anteriores e ciente dos desafios. Em entrevista exclusiva, com plateia de convidados, o seminário aprofunda os projetos prioritários em saúde, mobilidade urbana, segurança pública e educação.
O seminário é realizado no auditório da Editora Globo, no Centro Rio. O evento é realizado pelos jornais O GLOBO e Extra, com apoio da Fecomércio RJ.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/seguranca-publica-sera-um-dos-focos-do-novo-mandato-diz-paes/