A fronteira de Foz do Iguaçu (PR) com a Argentina é uma das rotas usadas por foragidos dos ataques golpistas de 8 de janeiro. Segundo relatos, ao menos seis condenados ou réus utilizaram essa rota nos últimos dois meses, muitos dos quais quebraram suas tornozeleiras eletrônicas antes da fuga e buscaram refúgio político na Argentina.
Um dos foragidos relatou ao UOL que ingressou ilegalmente na Argentina na garupa de uma moto após ser barrado na fronteira. Outros utilizaram um serviço de táxi compartilhado entre os fugitivos, que operava a partir da Rodoviária Internacional de Foz do Iguaçu. O serviço de táxi, previamente contratado, cobrava R$ 130 pela corrida até a Argentina.
Uma investigação do UOL identificou outras quatro rotas de fuga: uma de ônibus de São Paulo para Montevidéu, passando pelo Chuí; outra através de Santana do Livramento, RS, para Rivera, Uruguai; uma terceira utilizando as cidades de Barracão (PR) ou Dionísio Cerqueira (SC), que fazem fronteira seca com a Argentina; e a quarta, de Foz do Iguaçu para Ciudad del Este, Paraguai.
Não há controle ou fiscalização eficiente na fronteira de Foz do Iguaçu por parte da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Do lado argentino, no entanto, há revista e controle de imigração rigorosos. Fugitivos que não têm seus nomes na lista da Interpol conseguem passar sem problemas. Um foragido contou que quase perdeu suas malas durante a travessia por um matagal na garupa de uma moto.
No último domingo (9), o UOL esteve nos postos das polícias Federal e Rodoviária Federal na fronteira de Foz do Iguaçu com Puerto Iguazú, constatando a falta de fiscalização. Policiais federais disseram que qualquer carro pode deixar o Brasil sem controle de identidade, e que o risco de foragidos cruzarem a fronteira é minimizado pelo fato de que a fiscalização rigorosa é responsabilidade das autoridades argentinas.
Em resposta às fugas, a PF realizou uma operação neste mês mirando 209 condenados e investigados pelos atos golpistas, estimando que cerca de 180 deles possam estar em países da América Latina como Argentina, Uruguai e Paraguai. Os fugitivos se consideram inocentes e alegam perseguição política.
A situação expõe falhas no controle de fronteiras e a dificuldade das autoridades brasileiras em monitorar e impedir a fuga de indivíduos acusados de envolvimento em ataques golpistas. A reportagem ressalta a necessidade de uma cooperação internacional mais estreita e de medidas mais rigorosas de fiscalização nas fronteiras para prevenir fugas semelhantes no futuro.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/sem-controle-nas-fronteiras-golpistas-do-8-de-janeiro-fugiram-de-taxi-e-em-garupas-de-moto-para-a-argentina/