
Em alusão ao Setembro Amarelo, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) promoveu na terça-feira (23) o seminário “Os Desafios da Pessoa com Deficiência e a Saúde Mental”, no plenário da Casa.
O impacto da saúde mental no ambiente de trabalho e a qualificação de profissionais de educação foram apontados como os principais pontos do encontro, que reuniu parlamentares, especialistas, representantes de sindicatos e relatos de usuários do sistema de ensino e de famílias.
O deputado Marcelo Dino, coordenador do seminário, informou que tramita na Casa o Projeto de Lei nº 3022/2024, que prevê a obrigatoriedade de formação em Análise de Comportamento Aplicada (ABA) para todos os mediadores escolares.
Dino também citou outra iniciativa em andamento para a criação de salas sensoriais na própria Assembleia e em centros comerciais, com o objetivo de ampliar espaços de acolhimento e suporte. Setembro Amarelo é o mês que marca a campanha de ações voltadas à saúde mental.
Foco na formação de mediadores
Para Dino, eventos como o seminário são essenciais para construir políticas públicas mais eficazes.
“É muito importante que a Alerj abra as portas para ouvir as pessoas com deficiência e propor políticas públicas eficazes. Estão em tramitação esses dois projetos para melhorar a qualidade de vida delas. Muitas vezes, olhamos para pessoas com deficiência ou autistas como alguém que nunca vai crescer. Mas elas crescem e enfrentam desafios desde a infância até a vida adulta, como empregabilidade e saúde mental. Precisamos preparar a sociedade para isso”, afirmou.
Profissionais da educação reforçaram a necessidade de capacitação contínua. O professor e neuropsicopedagogo Antônio Mesquita destacou a relevância de cursos de formação: “A escola é o primeiro contato que a criança tem com o aprendizado. É fundamental que esses profissionais estejam preparados para receber e acolher pessoas com deficiência”.
Impacto da saúde mental no trabalho
Vanessa Azevedo, diretora do Sindicato dos Pedagogos, discutiu como a saúde mental interfere nas relações laborais e como a psicopedagogia pode contribuir para ambientes mais acolhedores.
“Precisamos adaptar esse espaço para acolher as pessoas com deficiência. Trabalhamos na prevenção, oferecendo palestras e rodas de conversa dentro das empresas. Também instruímos sobre a criação de salas sensoriais para atender pessoas com TEA”, disse Vanessa.
O deputado Munir Neto, integrante da Frente Parlamentar de Doenças Raras, ressaltou a importância do diagnóstico precoce para reduzir mortalidade e iniciar tratamentos mais cedo.
“Mais de 30% das pessoas com doenças raras vêm a óbito antes dos cinco anos de idade pela falta de diagnóstico. Quanto mais cedo se recebe, mais rápido é o início do tratamento. Precisamos da união da sociedade civil e do Parlamento para continuar lutando pela causa”, afirmou.
Relatos e experiências
O seminário contou ainda com depoimentos de familiares e pessoas com experiência direta das dificuldades abordadas. A presidente do Instituto Te Ajudo, Aline Brandão, chamou a atenção para a diversidade de necessidades:
“Cada necessidade é única. A minha não é a mesma que a de um cadeirante, por exemplo. É nesses debates que conseguimos trocar experiências, ouvir diferentes realidades e transformar isso em projetos de lei”.
Ao final do encontro, os organizadores reforçaram o compromisso de transformar as discussões em ações legislativas e práticas de acolhimento, com ênfase na capacitação de mediadores escolares e na criação de ambientes sensoriais que favoreçam inclusão e proteção à saúde mental.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/seminario-aborda-saude-mental-no-trabalho-e-inclusao-escolar/