4 de setembro de 2025
Tagliaferro acusa Moraes e aliados de Bolsonaro usam denúncias para
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As denúncias feitas pelo ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, dominaram os bastidores políticos nesta terça-feira (2) e repercutiram diretamente no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). O tema veio a tona na audiência da Comissão de Segurança Pública (CSP), presidida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Tagliaferro, que trabalhou com Alexandre de Moraes entre 2022 e 2024, afirmou que o ministro teria direcionado relatórios do TSE e do STF para alimentar inquéritos sobre ataques à Corte e notícias falsas. Segundo ele, parte das informações teria tramitado pelo TSE pela “menor burocracia” enquanto Moraes presidia o tribunal. Para Flávio Bolsonaro, essas declarações são suficientes para “contaminar” o julgamento contra seu pai, que responde junto a militares por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Durante a audiência, senadores da oposição reforçaram a tese de que o julgamento é ilegítimo. Damares Alves (Republicanos-DF) pediu a suspensão imediata do processo, afirmando que houve “provas forjadas por um magistrado”. Eduardo Girão (Novo-CE) defendeu que os documentos apresentados sejam levados a organismos internacionais para expor uma suposta perseguição política.

Além das críticas, Tagliaferro confirmou a existência de uma “força-tarefa informal” no STF e no TSE para monitoramento de cidadãos, emissão de certidões e produção de relatórios. Ele declarou ter fingido concordar com o esquema para reunir provas, alegando temer até pela própria vida. Após o vazamento de conversas com Moraes em 2024, o ex-assessor foi exonerado, denunciado pela Procuradoria-Geral da República por violação de sigilo, coação no curso do processo e obstrução de investigações, e atualmente vive na Itália. O governo brasileiro já pediu sua extradição.

A repercussão também impulsionou a tentativa de criação de uma CPI no Senado para investigar suposta perseguição judicial a adversários políticos. O requerimento, apresentado por Esperidião Amin (PP-SC), já conta com o número mínimo de assinaturas e aguarda leitura em plenário pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP).

Enquanto isso, a defesa de Bolsonaro busca transformar as declarações de Tagliaferro em argumento central para questionar a legitimidade do julgamento. Para aliados, a estratégia é clara: transformar a acusação contra Moraes em escudo para o ex-presidente, que enfrenta o processo mais delicado de sua trajetória política.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/tagliaferro-acusa-moraes-e-aliados-de-bolsonaro-usam-denuncias-para-tentar-travar-julgamento/