Tarifaço de Trump ameaça exportação de suco de laranja e setor teme impacto no Brasil

O suco de laranja entrou no centro de mais uma disputa entre Brasil e Estados Unidos, com o anúncio da taxação extra de 50% sobre os produtos brasileiros por Donald Trump. A medida pode elevar as tarifas aplicadas ao suco de laranja para cerca de 70% do valor total exportado. O setor nacional é líder mundial de exportações da bebida e pode sofrer com a perda de milhares de empregos, queda na renda de pequenos produtores e afetar a estabilidade econômica do país. A apuração foi apresentada pelo Fantástico neste domingo (13). 

Maior exportador do produto, o Brasil concentra 34% da produção global de laranja, 60% da produção de suco e responde por 75% do comércio internacional. Boa parte desse volume abastece justamente o mercado norte-americano — hoje, cerca de metade do suco consumido nos EUA vem de pomares brasileiros, principalmente do estado de São Paulo.

Com a nova tarifa, a preocupação é com o impacto em toda a cadeia: do pequeno produtor à indústria de processamento. Segundo a reportagem, o setor gera cerca de 200 mil empregos diretos e indiretos no país. Se a sobretaxa for mesmo aplicada no início do mês que vem, como promete Trump, empresas do setor estimam que a margem para remunerar produtores, trabalhadores e fornecedores cairia drasticamente.

O aumento de impostos sobre o produto brasileiro poderia encarecer o preço final para o consumidor nos EUA, além de pressionar a inflação em território nacional. Isso porque a alta do dólar, provocada por tensões comerciais, também pesa na importação de outros produtos, o que acaba chegando ao bolso do consumidor brasileiro.

Além de razões comerciais, a medida de Trump tem pano de fundo político: em carta aberta, o republicano voltou a criticar o que chama de perseguição judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil. Bolsonaro chegou a fazer uma publicação nas redes sociais afirmando que a medida do estadunidense teria mais a ver com “valores e liberdade do que com economia” e apontou que a saída para o impasse estaria na anistia aos envolvidos nos atos golpistas do 8 de janeiro. O texto gerou reações no Governo Federal.