A decisão do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, anunciada nesta quinta-feira (13), de adotar tarifas recíprocas sobre produtos estrangeiros pode impactar diretamente as exportações brasileiras, especialmente as de carne e etanol. O republicano assinou um memorando ordenando que seus assessores recalculassem as tarifas aplicadas a outros países, alegando que as taxas cobradas dos produtos americanos são desiguais e prejudicam a economia dos EUA.
No caso do etanol, Trump destacou que os EUA cobram apenas 2,5% sobre o combustível importado, enquanto o Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre o etanol americano. Segundo a Casa Branca, essa diferença resultou em um volume muito maior de importações dos EUA, que compraram mais de US$ 200 milhões do produto brasileiro em 2024, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões para o Brasil. Se as novas tarifas forem aplicadas, o etanol brasileiro poderá perder competitividade no mercado norte-americano, um dos principais destinos do produto.
Outro setor que pode ser afetado é o de carnes. Trump mencionou que os EUA enfrentam dificuldades para exportar carne e laticínios para o Brasil devido às taxas elevadas. Caso o governo americano implemente tarifas equivalentes sobre a carne brasileira, os exportadores do país podem enfrentar dificuldades para manter sua presença no mercado dos EUA.
EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil
A iniciativa de Trump também pode encarecer os produtos brasileiros vendidos no exterior, reduzindo sua competitividade e impactando a balança comercial. Em 2023, os Estados Unidos foram o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Qualquer mudança significativa na política tarifária pode levar a novas negociações entre os países e até mesmo a retaliações.
Trump justificou a medida como uma forma de equilibrar o comércio exterior e impedir que outros países “se aproveitem” dos EUA. “Se eles nos cobrarem, nós os cobraremos. Se eles estiverem em 25%, nós estaremos em 25%. Se estiverem em 10%, nós estaremos em 10%”, afirmou o ex-presidente. A nova abordagem rompe com a política comercial adotada há décadas pelos EUA, que tradicionalmente defendiam tarifas reduzidas para estimular o comércio global.
A proposta ainda está em fase de elaboração, e Trump determinou que sua equipe apresente rapidamente os novos cálculos tarifários. Howard Lutnick, indicado para secretário de Comércio, e Jamieson Greer, nomeado para representante comercial, serão responsáveis por coordenar os estudos.
O impacto da medida sobre a economia brasileira dependerá da aplicação efetiva das novas tarifas e das negociações entre os governos dos dois países. Para setores como o de biocombustíveis e proteína animal, a decisão pode significar desafios consideráveis nos próximos meses.
Com informações do Estado de S.Paulo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/trump-mira-brasil-com-tarifas-reciprocas-e-ameaca-exportacao-de-carne-e-etanol/
