Valdemar Costa Neto ameaça parar o Senado se anistia a Bolsonaro não avançar

O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, elevou o tom na disputa sobre o projeto de anistia que tramita no Congresso. Em entrevista ao colunista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, o dirigente afirmou que a oposição está disposta a “parar o Senado” caso o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), insista em não pautar uma proposta que beneficie o ex-presidente Jair Bolsonaro. Condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro se tornou o centro do embate político.

Obstrução como estratégia

Segundo Valdemar, partidos de oposição e legendas do Centrão já estariam alinhados para uma estratégia de obstrução. “Vamos tentar ter um entendimento com Alcolumbre, porque nós vamos ter poder. Na minha opinião, a única arma que nós temos dentro da lei é a obstrução. E nós podemos parar o Senado. Isso é um prejuízo muito grande para o governo”, declarou.

O presidente do PL disse ainda contar com aliados de peso para fortalecer a pressão. “Sim [pretendemos parar o Senado], porque nós temos hoje um time junto com a gente. Nós temos o Kassab [presidente nacional do PSD], que já se manifestou a favor da anistia. Não vai ser 100%, mas vamos ter a maioria. Temos o União Brasil, o PP, temos aí o Republicanos, temos muita gente. A guerra vai ser grande”, afirmou.

Debate sobre o alcance da anistia

A discussão no Congresso envolve também o escopo da anistia. Setores da esquerda defendem que a medida se limite aos manifestantes do 8 de Janeiro, sem contemplar Bolsonaro. Questionado sobre essa possibilidade, Valdemar foi taxativo: “Não há [essa possibilidade]. Nós temos que ver como vai chegar isso aí e como nós vamos proceder. Com certeza nós temos votos para aprovar. Acontece que é difícil com o governo trabalhando contra. Prejudica muito a vida da gente, porque máquina é máquina. O governo tem muita força”.

O papel de Câmara e Senado

Enquanto o Senado vive o impasse, a Câmara dos Deputados caminha em outra direção. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), prometeu colocar em votação, nesta quarta-feira (17), o requerimento de urgência para o projeto de anistia. A decisão não trata ainda do mérito da proposta, mas acelera a tramitação do texto, o que já foi celebrado pela oposição como um avanço.

Alcolumbre, por sua vez, mantém a resistência. O senador tem repetido a interlocutores que não dará seguimento a nenhuma proposta que beneficie Jair Bolsonaro, por considerar a medida inconstitucional. A posição aumenta a tensão entre governo e oposição e antecipa um embate político de grandes proporções no Legislativo.