12 de agosto de 2025
Felca expõe exploração infantil nas redes e vira alvo de
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O youtuber e humorista Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, vive dias de tensão desde que publicou, na última semana, um vídeo de 50 minutos denunciando casos de exploração e sexualização de crianças na internet — prática conhecida como adultização. A repercussão foi imediata: a gravação já ultrapassou 27 milhões de visualizações no YouTube, impulsionando debates no Congresso e no governo federal, mas também desencadeando uma onda de ataques virtuais e ameaças ao influenciador.

Após se tornar alvo de publicações que o acusavam falsamente de pedofilia e abuso, Felca ingressou com 233 ações judiciais contra perfis da plataforma X (antigo Twitter) por calúnia e difamação. Ele também solicitou à rede social a quebra de sigilo dos responsáveis para identificar os autores das ofensas. “A única pessoa que ganha quando a palavra pedofilia é vulgarizada é o próprio pedófilo”, afirmou o criador de conteúdo.

Segundo Felca, antes da publicação, ele seguiu em suas redes todos os perfis que investigava, justamente para monitorar e reunir provas. A estratégia, no entanto, teria sido distorcida por críticos, que passaram a acusá-lo de consumir material ilegal. “É a primeira vez que processo alguém por algo dito contra mim na internet”, disse.

Denúncia e riscos pessoais

O vídeo, intitulado Adultização, expõe influenciadores com milhões de seguidores que publicam conteúdos com crianças em trajes ou situações sexualizadas para gerar engajamento e monetização. Um dos citados é o paraibano Hytalo Santos, já investigado pelo Ministério Público da Paraíba desde 2024, cuja conta no Instagram foi desativada após a repercussão.

Além das denúncias, Felca entrevistou uma psicóloga para explicar os riscos emocionais e psicológicos da exposição precoce e mostrou como algoritmos facilitam que esse tipo de material chegue a potenciais abusadores. O impacto foi tamanho que o influenciador afirma ter intensificado medidas de segurança, passando a andar com carro blindado e escolta.

“Eu realmente mergulhei no lamaçal. Foi muito aversivo fazer esse vídeo”, disse Felca em entrevista ao podcast PodDelas, lembrando que já havia recebido ameaças antes, quando se posicionou contra casas de apostas online.

Repercussão política

A polêmica chegou ao Congresso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que vai pautar projetos para restringir a circulação e monetização de conteúdos que promovam a adultização de crianças. “Esse é um tema urgente, que toca no coração da nossa sociedade. Obrigado, Felca. Conte com a Câmara para avançar na defesa das crianças”, declarou.

No governo, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu que as plataformas sejam responsabilizadas e acusou empresas de “fingirem que não é com elas” quando o assunto é exploração infantil. Já o advogado-geral da União, Jorge Messias, classificou a regulamentação das redes como “necessidade civilizatória”, criticando o papel dos algoritmos na propagação de conteúdos criminosos.

Entenda o termo

O Instituto Alana define a adultização infantil como a exposição precoce de crianças a comportamentos e expectativas adultas, que pode gerar erotização e prejudicar o desenvolvimento emocional e psicológico. Especialistas alertam que, no ambiente digital, o fenômeno ganha escala e velocidade sem precedentes.

Enquanto a discussão avança no Legislativo e no Judiciário, Felca afirma que seguirá expondo casos e pressionando as redes sociais a cortar o incentivo financeiro desse tipo de conteúdo: “Tira o dinheiro dessa galera, que tudo o que eles fazem perde o sentido.”

Fonte: https://agendadopoder.com.br/video-ameacas-processos-e-27-milhoes-de-views-video-de-felca-sobre-exploracao-infantil-nas-redes-mobiliza-congresso-e-governo/