O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, foi alvo de protestos nesta quinta-feira (26) ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins (MG). Vídeos divulgados nas redes sociais mostram apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) hostilizando Cunha com gritos de “ladrão”, em meio a vaias e xingamentos.
Cunha chegou ao aeroporto com poucos minutos de diferença em relação a Bolsonaro, que participaria de um evento estadual do Partido Liberal (PL) na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, informa a Folha de S.Paulo. Apesar da coincidência, os dois não divulgaram agenda conjunta, e a presença de Cunha no mesmo local provocou reações negativas entre os simpatizantes bolsonaristas
Artífice do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, Eduardo Cunha busca retornar à cena política como pré-candidato por Minas Gerais nas eleições de 2026. Ele tenta se firmar em uma nova base eleitoral após não conseguir se eleger por São Paulo em 2022, quando obteve apenas 5 mil votos pelo PTB-SP.
Entre as siglas com as quais Cunha articula uma nova candidatura está o próprio PL, hoje controlado por Jair Bolsonaro e seus aliados. A tensão entre o ex-deputado e os apoiadores bolsonaristas, no entanto, evidencia os obstáculos que ele enfrenta para consolidar seu retorno à política — inclusive dentro do campo conservador.
Mandato cassado por mentir à CPI da Petrobras
Cunha teve sua carreira política interrompida por uma série de escândalos. Foi afastado da presidência da Câmara em 2016 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), sob a justificativa de que poderia interferir nas investigações da Operação Lava Jato. Poucos meses depois, teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar, acusado de mentir à CPI da Petrobras ao negar a existência de contas bancárias no exterior.
Em decorrência das investigações, Cunha foi preso em regime fechado de outubro de 2016 até abril de 2021. Desde então, teve três condenações anuladas, incluindo uma proferida pelo ex-juiz Sergio Moro, atual senador pelo União Brasil. Em 2022, chegou a obter liminar suspendendo sua inelegibilidade, mas não teve êxito nas urnas.
No pedido de registro de candidatura daquele ano, Eduardo Cunha declarou patrimônio de R$ 14,1 milhões — um aumento de 420% em relação a oito anos antes. A maior parte do valor, segundo ele, foi repatriada da Suíça para pagamento de multas impostas pela Justiça brasileira.
Enquanto tenta reconstruir sua trajetória política, sua filha, Danielle Cunha, trilha caminho oposto: foi eleita deputada federal pelo União Brasil do Rio de Janeiro com mais de 75 mil votos em 2022.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/video-eduardo-cunha-e-hostilizado-por-bolsonaristas-em-aeroporto-de-bh-e-chamado-de-ladrao/
