
Uma coincidência histórica fez com que os deputados federais Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ) fossem alçados à condição de principais articuladores políticos do governo Lula e do PT — ela como ministra das Relações Internacionais, ele como líder do partido, cargo que assumiu em fevereiro. Militantes da legenda há décadas, ambos se aproximaram nos duros anos do impeachment de Dilma Rousseff, seguido da prisão de Lula dois anos depois. Começaram a namorar e hoje vivem juntos em Brasília — onde, segundo ele, só falam de política, política e política.
Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Lindbergh diz que os dois atualmente mal se falam e pede para que a imprensa, “pelo amor de Deus”, saiba diferenciar o papel de cada um deles na política.
Leia, abaixo, trecho da entrevista:
Sem querer falar de coisas pessoais, mas já falando: o senhor é casado com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Como vai criticar o governo, quando fez sempre que julgou necessário? Como é a relação de vocês, que são tão militantes? Vocês concordam em tudo?
É a mesma coisa de quando falam sobre Janja e Lula. A gente gosta muito de política. Então a gente fala muito. Até no final de semana, até nos filmes, séries. A gente vê muito filme de história. Por exemplo, agora estamos vendo vários vídeos do [economista] André Lara Resende, que é um sujeito que eu considero muito interessante.
O último filme que vimos foi “Ainda Estou Aqui” [de Walter Salles, que ganhou o Oscar]. Agora ela entrou no Ministério e está com tanta coisa lá, e eu estou com tanta coisa pra tratar aqui da liderança, essa briga do Eduardo Bolsonaro, que a gente nem conseguiu falar sobre o que cada um está fazendo. Eu inclusive arrumei uma forma de lidar aqui com a imprensa.
Como assim?
Porque, sinceramente, a Gleisi, tem a vida dela e eu também tenho a minha vida política. Eu fui líder estudantil há 30 anos. Eu fui deputado com 24 anos, já fui senador, já fui prefeito, já fui tudo. Então, pelo amor de Deus! Não venham agora me chamar assim…
De primeiro-damo?
[risos] É uma coisa que… não façam isso comigo [mais risos].
Estão fazendo?
Ela tem a história dela, e eu tenho a minha história. Quando perguntam “e lá, [no governo], o que vão fazer?”, eu digo: “Gente, eu tô com os meus problemas aqui, eu sou líder [do PT], eu tô lutando para impedir que o Eduardo Bolsonaro seja presidente da Creden, a Comissão de Relações Exteriores [da Câmara dos Deputados]. Aqui é tanta coisa!
Agora, acaba sendo uma coincidência da história porque eu fui eleito líder antes de ela ser ministra de qualquer coisa. E tenho uma função aqui também de fazer articulação política.
É uma coisa da qual estou gostando. Porque eu acho que dá para ser combativo, defender suas posições, e fazer política mais ampla.
Estou com uma ótima relação com os líderes, uma ótima relação com o presidente [da Câmara] Hugo Motta, que é meu conterrâneo, paraibano, alguém que vai surpreender como presidente.
Me dou bem com todos os líderes [de partidos]. É uma turma muito afinada. Lula está tendo até sorte porque estamos aqui no meio ajudando a construir isso [a articulação com o Congresso].
Eu até falei outro dia [em uma reunião dos líderes] com a Gleisi: “Com todos esses líderes que estão aqui, com um perfil conciliador, todo mundo vai te ajudar. O mais difícil de todos aqui sou eu, Gleisi, e eu não vou ficar contra você”. Caiu todo mundo na gargalhada.
Veja, abaixo, vídeo com trecho da entrevista:
Fonte: https://agendadopoder.com.br/video-lindbergh-farias-se-posiciona-sobre-ser-tratado-como-primeiro-damo-por-casamento-com-gleisi-nao-facam-isso-comigo/