
O ex-deputado federal Wolney Queiroz será o novo ministro da Previdência Social, conforme anunciou o Palácio do Planalto nesta sexta-feira (2), confirmando também informação antecipada pelo repórter Ricardo Bruno, editor do Agenda do Poder.
Queiroz, que atualmente exerce a função de secretário-executivo da pasta, substituirá Carlos Lupi, que pediu demissão após forte desgaste político provocado pela revelação de um esquema bilionário de fraudes em benefícios do INSS. A nomeação do novo ministro e a exoneração de Lupi serão oficializadas em edição extra do Diário Oficial da União ainda nesta sexta.
A saída de Lupi ocorre nove dias após a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagrarem uma operação que apura o desvio de até R$ 6,3 bilhões em aposentadorias e pensões, por meio de descontos irregulares feitos por entidades conveniadas ao INSS. Embora Lupi não tenha sido diretamente implicado nas investigações, o Planalto avaliou que a permanência dele no cargo era insustentável diante da gravidade do caso e da repercussão política negativa.
Wolney Queiroz Maciel nasceu em Caruaru (PE) e é filiado ao PDT, partido do qual Lupi é presidente licenciado. Ele atuou como deputado federal por Pernambuco por seis mandatos consecutivos, entre 1995 e 2023. Em seu último ano na Câmara, em 2022, exerceu a liderança da oposição ao governo de Jair Bolsonaro, representando um bloco de partidos de esquerda. Tentou a reeleição naquele ano, mas não obteve sucesso. Desde o início do atual governo Lula, ocupa a secretaria-executiva da Previdência, o segundo cargo mais importante do ministério.
A escolha de Queiroz é vista no governo como uma solução de continuidade, já que ele conhece bem o funcionamento da pasta. Sua nomeação também serve para manter a aliança com o PDT, preservando o espaço da legenda na Esplanada dos Ministérios.
Esquema de fraudes e crise no INSS
A operação da PF e da CGU revelou que associações que prestam serviços a aposentados e pensionistas vinham cadastrando beneficiários sem autorização, com uso de assinaturas falsas, para aplicar descontos mensais nos benefícios pagos pelo INSS. Segundo as investigações, o esquema teve início em 2019, durante o governo Bolsonaro, e se manteve ativo até o terceiro mandato do presidente Lula.
Durante a operação, foram apreendidos carros de luxo — entre eles uma Ferrari —, dinheiro em espécie, joias, relógios de grife e obras de arte. O prejuízo estimado gira em torno de R$ 6,3 bilhões. Ao todo, seis pessoas foram presas, incluindo integrantes de uma associação em Sergipe. O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado e posteriormente demitido. Outros cinco servidores também foram afastados de suas funções.
A PF aponta como principal articulador do esquema o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “Careca do INSS”. Segundo os investigadores, ele é sócio de 22 empresas registradas no mesmo endereço em Taguatinga (DF) e teria se beneficiado diretamente do esquema fraudulento.
A nomeação de Wolney Queiroz ocorre em meio à tentativa do governo de conter os danos políticos do escândalo e restabelecer a confiança na administração da Previdência. A expectativa é que ele coordene as próximas medidas para revisar os convênios suspeitos, proteger os beneficiários prejudicados e acelerar a recuperação institucional do INSS.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/wolney-queiroz-assume-ministerio-da-previdencia-apos-demissao-de-lupi/