
Quando pensamos em filmes de animação, nossa mente geralmente faz uma ligação direta com personagens queridos e coloridos, enredos encantados e um mundo cheio de alegria – sem contar que muitas vezes o formato é associado a conteúdo para crianças. No entanto, a verdade é que a animação também é cinema.
A animação oferece aos diretores, roteiristas e contadores de histórias mais um meio para transmitir todo o espectro das emoções humanas e canalizar seus sentimentos. Embora muitos acreditem que a animação dê vida às fantasias, em sua essência, ela serve também como um meio para contar histórias que espelham quão plural a realidade e a ficção podem ser.
10 animações com fotografia fofa, mas com enredo pesado
Existem vários filmes de animação que, apesar de parecerem fofos, abordam assuntos difíceis e temas complexos, confrontam a sociedade e ilustram tópicos que raramente são discutidos. Mesmo com uma fotografia impecável e momentos alegres, o enredo dos filmes listados abaixo ficam gravados na nossa memória como pesados, tristes ou sombrios.
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1. Em Busca do Vale Encantado (1988)
Listado no IMDB como uma das animações que todos deveriam assistir antes de morrer, “Em Busca do Vale Encantado” é considerado um clássico da animação. O filme, dirigido por Don Bluth, acompanha um brontossauro órfão e seus amigos encontrados pelo caminho enquanto tentam voltar para suas famílias.
Além do senso de humor e aventura, o enredo aborda perigos e desafios brutalmente sombrios como fome, escassez e eventos naturais devastadores. A história, repleta de ternura, também conta com temas de preconceito e luto, sendo capaz de mover até mesmo o espectador mais frio.
2. Pinóquio (2022)

Essa adaptação de Pinóquio, feita pela mente brilhante de Guillermo del Toro, talvez seja um dos filmes de animação mais sombrios já produzidos. A versão moderna do clássico se aprofunda na brutalidade humana. Após a morte de seu filho, movido pela culpa e pela depressão, Gepeto constrói um boneco de madeira que é então trazido à vida por uma fada.
Ambientado em diferentes momentos das duas guerras mundiais, um Pinóquio bastante inocente, mas entusiasmado, embarca em uma aventura tentando encontrar um lugar para pertencer na Itália fascista.
Além de não se esquivar da violência de ambas as guerras, o filme também mostra Pinóquio morrer e ressuscitar várias vezes. Apesar de terminar com um final relativamente feliz, o filme mostra Pinóquio vivendo sozinho, tendo enterrado todos os seus amigos e familiares.
3. A Casa Monstro (2006)

É certo dizer que, apesar de ser um filme de terror para crianças, “A Casa Monstro” também conseguiu traumatizar adultos. Produzido por Robert Zemeckis e Steven Spielberg, o enredo acompanha três crianças que, após uma brincadeira dar errado, descobrem que a casa assustadora do outro lado da rua está, na verdade, viva.
O que parecia ser só mais um filme de aventura divertida se desdobra em uma devastadora história de amor e cumplicidade, interrompida por um preconceito capaz de transformar bullying em tragédia, luto e raiva.
4. O Cão e a Raposa (1981)

A animação “O Cão e a Raposa” é uma grande exceção à fórmula típica da Disney, pois não tem o tão idealizado final feliz. Esse filme acompanha a história de um filhote de raposa criado por uma viúva amorosa em uma fazenda. Ele faz amizade com um filhote de cão igualmente curioso, e os espectadores os acompanham enquanto os dois crescem juntos.
O tema central desta animação é a amizade, mas em vez de mostrar um senso de comunidade e aceitação de nossas diferenças naturais, ela mostra como o amor e as experiências compartilhadas no passado não são suficientes para manter os amigos juntos – especialmente quando influências externas fazem com que um odeie o outro sem motivos realmente válidos.
O filme termina com um sentimento de que nada jamais mudará, e os personagens são deixados com a saudade da inocência da juventude.
5. A Fuga das Galinhas (2000)

Em seu primeiro longa-metragem de animação, a equipe por trás dos filmes de Wallace e Gromit criou uma história, por vezes hilária, sobre o anseio pela liberdade de uma galinha presa em uma fazenda no interior da Inglaterra.
No entanto, ao longo do filme dirigido por Peter Lord e Nick Park, há algumas imagens comoventes que parecem referenciar o Holocausto e os campos de concentração. Além da constante vigilância, talvez o aspecto mais sugestivo de todos seja o tratamento dado pela Sra. Tweedy às galinhas.
No início do filme, as galinhas só são mortas quando “não são mais úteis” e deixam de botar ovos. No entanto, em um esforço para ganhar mais dinheiro, a Sra. Tweedy compra uma máquina de fazer torta de galinha, e seu forno é o que alguns chamariam de “último recurso”. De repente, a história não se trata mais apenas de prender as galinhas para pegar seus valiosos ovos, mas acabar com elas completamente.
6. A Longa Jornada (1978)

À primeira vista, a adaptação de Martin Rosen do livro de Richard Adams pode parecer divertida para toda a família. “A Longa Jornada” acompanha um jovem coelho que sonha que sua terra será destruída, então ele convence alguns amigos a embarcarem em uma jornada para encontrar um novo lar. Durante essa jornada, no entanto, eles enfrentam muitas ameaças.
O estilo artístico realça eventos já perturbadores, como a sangrenta zona de guerra e o cemitério de ratos. Apesar de ter classificação indicativa “não recomendado para menores de 12 anos sem orientação dos pais”, a história é repleta de sangue e contém até mesmo canibalismo, o que certamente é suficiente para causar arrepios nos adultos.
7. O Gigante de Ferro (1999)

Para os desavisados, “O Gigante de Ferro” parece qualquer outra história sobre uma amizade improvável. Baseado no romance homônimo de 1968, escrito por Ted Hughes, este filme de ficção científica aborda temas complexos, como medo, preconceito e o peso de ser diferente em um mundo propenso a destruir o que não consegue compreender.
Este clássico animado, coescrito e dirigido por Brad Bird, conta a história do personagem-título, que cai no planeta Terra na década de 1950, durante a Guerra Fria. Ele é encontrado pelo jovem Hogarth, que logo percebe que a enorme e intimidadora criatura alienígena é, na verdade, gentil e vulnerável. O menino então cria um laço de amizade com o robô e faz o que pode para protegê-lo.
8. Túmulo dos Vagalumes (1988)

Este filme do Studio Ghibli aborda a narrativa de forma devastadora, transmitindo como as crianças sofrem as consequências das guerras de uma forma que elas mesmas não conseguem compreender.
Baseado numa história do sobrevivente da Segunda Guerra Mundial Akiyuki Nosaka, “Túmulo dos Vagalumes” mostra o impacto dos ataques aéreos através do sofrimento dos irmãos Setsuko e Seita. Com a mãe morta e o pai longe, defendendo o país, as crianças precisam se virar sozinhas e tentar sobreviver com o que encontram.
9. Persépolis (2007)

Baseado na graphic novel homônima de Marjane Satrapi, “Persépolis” é a história semi-autobiográfica de Marjane enquanto ela cresce no Irã e enfrenta a complexa relação com seu país natal.
O filme, dirigido por Vincent Paronnaud e pela própria Satrapi, começa quando Marji, aos nove anos, testemunha a Revolução Iraniana de 1978. Essa revolução não traz a mudança desejada pela família da protagonista, em vez disso, traz ansiedade com a chegada de um regime fundamentalista ao poder – ao mesmo passo que inspira a jovem Marji a iniciar uma vida de rebeldia.
Ao longo de “Persépolis”, a subversividade de Marji a coloca em conflito após conflito com as leis rígidas do governo iraniano. Quando seus pais a enviam para um internato na Áustria, a jovem logo descobre que o mundo ocidental não é tudo o que ela sonhou que fosse.
10. Princesa Mononoke (1997)

Outro clássico do Studio Ghibli, “Princesa Mononoke” é um filme sobre o conflito entre os espíritos da floresta e a colônia mineira de Tataraba. A história acompanha Ashitaka, um príncipe e guerreiro de uma tribo em extinção, que viaja para a floresta após ser amaldiçoado por um deus javali.
Ao longo do caminho, ele encontra San, uma jovem que luta para proteger a floresta, e Lady Eboshi, a chefe de Tataraba. Ashitaka é forçado a encontrar um meio-termo entre as duas forças ambivalentes, à medida que o conflito só piora.
A obra aborda temas que continuam relevantes a partir de um amplo comentário sobre a modernização e seus efeitos no meio ambiente. O filme não só mostra o desmatamento intenso, como também mostra a violência entre os humanos que leva a mortes devastadoras.
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