22 de setembro de 2024
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Como aprendemos na escola, o Sistema Solar é composto, essencialmente, por planetas que giram ao redor do Sol – da mesma forma que acontece com outras estrelas. E, em torno de cada planeta, orbitam corpos celestes conhecidos como satélites. Asteroides, cometas e outros objetos cósmicos também estão ali, na imensidão do céu sobre nossas cabeças.

Essa dinâmica acontece o tempo todo, e a combinação entre esses movimentos pode ser comparada a “passos de dança” – com a Terra servindo de plateia de onde contemplamos esse espetáculo.

Esta semana, a programação observável a partir do nosso planeta envolve a Lua, Júpiter, Marte e até um cometa! Vamos conferir:

Semana começa com a Lua em conjunção com Júpiter

Nesta segunda-feira (23), a Lua estará próxima de Júpiter no céu – em um fenômeno conhecido como conjunção astronômica.

De acordo com o guia de observação In-The-Sky.org, isso acontece às 20h22 (todos os horários mencionados estão no fuso de Brasília). Nesse momento, a Lua vai passar a pouco mais de 5º ao norte de Júpiter.

Lua e Júpiter estarão em conjunção na segunda-feira (23). Crédito: buradaki – Shutterstock

De São Paulo, o par estará visível apenas durante a madrugada, entre 0h29 e 5h34 – ou seja, a conjunção, em si, não poderá ser vista, já que os corpos estarão abaixo da linha do horizonte. Mesmo assim, enquanto estiverem no céu, eles ainda estarão bem próximos.

Enquanto a Lua estará em magnitude de -12.1, a de Júpiter será de -2.5, com ambos na constelação de Touro. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o corpo mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.

A dupla não estará próxima o suficiente para caber no campo de visão de um telescópio ou par de binóculos, mas será visível a olho nu.

Marte entra em cena

Na quarta-feira (25), a Lua assume outro par. Às 8h50, ela estará em conjunção com Marte, passando a pouco mais de 4º ao norte do planeta. Nesse momento, eles já não poderão ser vistos juntos no céu de São Paulo. Segundo o site In-The-Sky.org, a visibilidade da dupla vai da 1h12 às 5h18.

Configuração do céu no momento de aproximação máxima entre a Lua e Marte (do ponto de vista da Terra) nesta quarta-feira (25). Crédito: SolarSystemScope

Mesmo assim, como no caso da conjunção com Júpiter, enquanto estiver aparecendo na paisagem celeste, a Lua poderá ser vista já mais próxima de Marte. Ela, em magnitude de -11.7, e ele, em 0,5 – ambos na constelação de Gêmeos.

O par não estará próximo o bastante para caber no campo de visão de um telescópio, mas será visível a olho nu ou através de um par de binóculos.

Cometa faz aproximação perigosa com o Sol

A semana termina com um encontro arriscado, que pode ser fatal para um cometa: o periélio (em outras palavras, a aproximação máxima com o Sol). Isso acontece na sexta-feira (27).

Sobre o Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS):

  • No início de 2023, dois programas de observação astronômica – Tsuchinshan e ATLAS – descobriram de forma independente o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS);
  • Este objeto vinha prometendo ser um espetáculo visível a olho nu no céu nos últimos meses de 2024, sendo possivelmente o cometa mais brilhante dos últimos tempos;
  • Com sua passagem mais próxima da Terra prevista para 12 de outubro, a cerca de 70,6 milhões de km, foi estimado por alguns que ele seria mais brilhante até mesmo do que Júpiter;
  • No entanto, em julho, o astrônomo tcheco-americano Zdenek Sekanina publicou uma análise sugerindo que o cometa poderia não resistir à sua jornada, fragmentando-se antes de sua aproximação máxima;
  • Sekanina observou sinais de desintegração à medida que o cometa se aproximava do Sol, levantando dúvidas sobre sua sobrevivência;
  • Dois meses após essa previsão, o cometa Tsuchinshan-ATLAS continua a mostrar sinais de estabilidade, sem indícios claros de desintegração;
  • Estudos, no entanto, apontam que isso ainda pode acontecer.
Posição do cometa no céu de São Paulo às 5h (pelo horário de Brasília) entre os dias 15 de setembro e 5 de outubro. Reprodução: Stellarium

“Na sexta, o cometa Tsuchinshan-ATLAS deve atingir o periélio e, de acordo com os cálculos, já deverá estar tão luminoso quanto Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno [que tem aparente de −1,46]”, disse Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital.

Segundo Zurita, o cometa terá dois momentos de visibilidade, com o primeiro tendo começado no dia 15 deste mês. Desde então, ele pode ser visto nos finais das madrugadas, ao leste, pouco antes do amanhecer. “E vai estar cada dia mais alto no céu até o dia 28. A partir de então vai ‘despencar’ em direção ao Sol, deixando de ser visível no dia 4 de outubro e reaparecendo novamente a partir do dia 12 ao anoitecer, na direção oeste”.

No entanto, o especialista lembra que alguns estudos indicam que o cometa pode se desintegrar antes disso. “Então, a recomendação é aproveitar as chances de observação nesses dias que antecedem o periélio  e torcer para que ele sobreviva a esse encontro com o Sol”, disse ele, complementando que, “se isso acontecer, aí teremos provavelmente um espetáculo ao anoitecer durante o mês de outubro”.

O post Acompanhe os “passos da dança cósmica” no céu desta semana apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/09/22/ciencia-e-espaco/acompanhe-os-passos-da-danca-cosmica-no-ceu-desta-semana/