
Uma usina nuclear no norte da França retomou parte de suas operações na quarta-feira (13) após um incidente inusitado: uma invasão de águas-vivas. A instalação de Gravelines, localizada perto de Dunquerque, é a maior da Europa Ocidental, com seis reatores de 900 megawatts cada.
No domingo (10) e na segunda-feira (11), quatro deles precisaram ser desligados quando um enorme cardume de águas-vivas bloqueou as bombas responsáveis pelo resfriamento. Segundo a operadora EDF, o reator número 6 foi religado às 7h30 da manhã de quarta, e os demais devem voltar a funcionar nos próximos dias.
Segundo a agência de notícias Reuters, a retomada ocorreu com atraso em relação ao previsto, já que o plano inicial era reiniciar as operações na terça-feira (12). A EDF não informou o motivo do adiamento, mas a França enfrenta uma onda de calor que pressiona sistemas de resfriamento nuclear. A empresa garantiu que não houve risco à segurança, aos trabalhadores ou ao meio ambiente.
As águas-vivas eram da espécie Rhizostoma pulmo (água-viva de barril), nativa e sem ferrão, que pode atingir até 90 centímetros de diâmetro. Segundo o cientista cidadão Aäron Fabrice de Kisangani, as correntes marítimas empurraram os animais para dentro do canal que leva à usina. Presas pela sucção do sistema de refrigeração, elas acabaram bloqueando os filtros de entrada de água.
Especialistas apontam que o aumento das temperaturas médias do mar pode favorecer a proliferação de águas-vivas e prolongar sua presença no Mar do Norte, especialmente devido a outonos e invernos mais amenos.
Casos semelhantes já aconteceram antes. Em 2011, a usina de Torness, na Escócia, foi obrigada a interromper atividades pelo mesmo motivo. A própria Gravelines já havia enfrentado uma invasão de águas-vivas em 1993. Também há registros de ocorrências em usinas no Japão e nos EUA. Pesca excessiva, poluição plástica e mudanças climáticas estão entre os fatores que criam condições ideais para o aumento dessas populações marinhas.
A energia nuclear responde por cerca de 60% da eletricidade produzida na França, que possui um dos maiores programas nucleares do mundo, contando com 18 usinas e 57 reatores.

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Em breve, podemos ter uma usina nuclear na Lua
Por falar em energia nuclear, recentemente, os governos da China e da Rússia confirmaram a assinatura de um acordo que prevê a construção de uma usina na Lua, com o objetivo de fornecer energia para a futura Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS).
A expectativa é de que o projeto seja concluído até 2036. Ele tem uma grande importância científica, uma vez que representa os primeiros passos rumo a uma presença humana fixa no satélite natural do nosso planeta. Saiba mais aqui.
Águas-vivas são mais inteligentes do que se imagina
Cientistas descobriram que, mesmo sem possuir um cérebro central, as águas-vivas podem aprender com experiências passadas e mudar o seu comportamento em resposta. Um estudo sugere que esses seres são mais complexos do que se pensava, surpreendendo por serem dotados de poucas células nervosas.
A pesquisa focou na água-viva-de-caixa (conhecida também como caribenha). Com a ajuda de seus 24 olhos, essa espécie caça copépodes em regiões próximas das raízes dos manguezais. Nesse percurso, esses animais correm o risco de ferir seus corpos moles – mas é a única forma de se alimentarem.

Para entender como a espécie sobrevive, os pesquisadores conduziram experiências utilizando tanques redondos forrados com barras para imitar raízes de mangal. No início dos testes, as águas-vivas esbarravam nas raizes “distantes”, mas durante o período de 7,5 minutos do experimento, o número de colisões caiu 50% – provando que elas “aprenderam” com o erro. Aqui você tem mais detalhes do experimento.
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