23 de novembro de 2024
Álcool deixa rastro na saúde de gerações que ainda nem
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Os impactos negativos do consumo de álcool durante a gravidez já são bem conhecidos. Por isso, é comum que, após a descoberta de uma gravidez, as mulheres parem de beber. Mas não é só o hábito da mãe que afeta a saúde dos filhos. Ambos os pais com antecedentes alcoólicos podem impactar psicologicamente as próximas gerações e, agora, descobriu-se que biologicamente também.

Uma pesquisa liderada por Michael Golding, Professor de Fisiologia na Texas A&M University, encontrou evidências de que o consumo de álcool pelos pais antes de conceber um filho afeta uma parte crucial do desenvolvimento do bebê e gera problemas de saúde mais tarde.

Já ouviu falar do transtorno do espectro alcoólico fetal?

Quando os pais abusam do álcool, problemas que eles desenvolvem, como doenças cardíacas, hepáticas e envelhecimento acelerado, podem ser transmitidos aos filhos. Essa herança inclui uma variedade de déficits físicos, de desenvolvimento e comportamentais causados pelo consumo de álcool durante a gravidez e são chamados de transtornos do espectro alcoólico fetal (TEAF).

Crianças com TEAF podem desenvolver doenças adultas precocemente, como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas, que surgem na adolescência, em vez de na vida adulta. Elas também têm maior probabilidade de hospitalização e uma expectativa de vida 40% menor do que outras crianças.

Ainda não está claro se esses problemas de saúde são causados por circunstâncias de vida, como estresse e transtornos psiquiátricos, ou se o uso de álcool pelos pais antes da concepção tem um impacto direto e duradouro na saúde dos filhos. Mas, novas evidências podem elucidar parte da questão.

Quando os pais abusam do álcool, os problemas que eles desenvolvem podem ser transmitidos aos filhos – Imagem: Shutterstock/nicepix

O álcool pode afetar uma parte importante do desenvolvimento do bebê

  • O novo estudo usou um modelo de camundongo para investigar os efeitos do consumo de álcool pelos pais na concepção.
  • O consumo de álcool pelos pais causou mudanças prejudiciais nas mitocôndrias dos descendentes.
  • As mitocôndrias são a “bateria da célula” e têm um papel fundamental no envelhecimento e na saúde.
  • No experimento, o consumo de álcool pelo pai gerou defeitos mitocondriais durante o desenvolvimento fetal, que persistiram na vida adulta.
  • Os descendentes do pai apresentaram duas vezes mais doenças hepáticas relacionadas à idade e um envelhecimento acelerado.
  • Ou seja, se o pai que não está gerando o bebê é a origem de alguns danos no desenvolvimento dele, isso indica que o álcool não precisa ser necessariamente consumido na concepção para causar efeitos negativos.
  • Quando ambos os pais consumiam álcool, esses impactos foram ainda piores.
Consumo de álcool pelo pai gerou problemas no desenvolvimento do feto que perduram durante toda a sua vida – Imagem: Tiko Aramyan/Shutterstock

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Como cuidar de pessoas com síndrome alcoólica fetal

Pessoas com síndrome alcoólica fetal enfrentam dificuldades motoras e cognitivas ao longo da vida. Intervenções educacionais precoces, como o uso de materiais visuais e auditivos, podem ajudar a melhorar o aprendizado dessas crianças.

Ainda não se sabe se o consumo moderado de álcool pelos pais provoca os mesmos problemas mitocondriais observados em casos mais graves. Estudos sugerem que o álcool parental pode influenciar o desenvolvimento embrionário, e o próximo passo é investigar se intervenções focadas na saúde mitocondrial, como exercícios e dietas, podem melhorar a saúde dos afetados.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/08/31/medicina-e-saude/alcool-deixa-rastro-na-saude-de-geracoes-que-ainda-nem-nasceram/