
Animais são frequentemente associados a misticismo e lendas que atravessam culturas e séculos. Além disso, as habilidades que muitos bichos desenvolvem na natureza para sobreviver são bem conhecidas e amplamente estudadas por nós.
Porém, entre tantos aspectos intrigantes do mundo animal, algo tem chamado a atenção até da ciência: a possibilidade de que certas espécies consigam prever desastres naturais.
Diversos relatos descrevem comportamentos incomuns de animais momentos antes de terremotos, tsunamis e erupções. Essas observações, embora nem sempre confirmadas cientificamente, despertam curiosidade sobre o que pode motivar essas reações e o que revelam sobre a sensibilidade dos animais ao ambiente. Mas o que será que tem de verdade por trás disso?
Relatos de animais prevendo desastres naturais
Desde tempos antigos, relatos apontam que animais apresentam comportamentos incomuns antes de desastres naturais. Segundo o U.S. Geological Survey (USGS), há um registro de 373 a.C., na Grécia, que descreve animais fugindo dias antes de um terremoto.
No entanto, um dos casos mais recentes e notórios ocorreu no tsunami de 2004, que atingiu diversas regiões do Oceano Índico e causou milhares de mortes e destruição em países como Indonésia, Tailândia e Sri Lanka.
Antes da chegada do tsunami, relatos de testemunhas afirmam que os animais fugiram das áreas costeiras horas antes da tragédia. Peixes, aves e até elefantes apresentaram comportamentos incomuns, como agitação e abandono dos locais habituais.

Esses tipos de observações vêm sendo registrados em diferentes partes do mundo e por culturas distintas. O geobiólogo Joseph Kirschvink argumenta sobre em um artigo científico publicado no Bulletin of the Seismological Society of America em 2000. Segundo o pesquisador essa repetição global pode indicar que certos comportamentos de fuga já estão enraizados no instinto de várias espécies. O que ocorre uma forma de resposta a sinais naturais que precedem os desastres.
Além dos relatos
A comunidade científica tem dado atenção ao estudo do comportamento animal como possível indicador de terremotos e outros desastres naturais. Conforme o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o USGS, muitos animais conseguem sentir as ondas sísmicas P, que são as primeiras ondas geradas por um terremoto a se propagarem pelo solo. Essas ondas chegam segundos antes das ondas S, que são maiores e causam os danos mais severos.

As ondas P são ondas de compressão que se movem rapidamente e são menos intensas. Já as ondas S são ondas de cisalhamento, mais lentas, porém mais fortes e destrutivas. Por causa dessa diferença no tempo de chegada, é possível que os animais percebam os tremores iniciais segundos antes dos efeitos mais intensos e reajam imediatamente com comportamentos como fuga ou agitação.
No mesmo estudo, Joseph L. Kirschvink propôs que certas respostas comportamentais dos animais a terremotos podem ter se desenvolvido como reflexos automáticos ao longo da evolução. Da mesma forma que os animais fogem de predadores ao perceber sons ou vibrações específicas, eles também poderiam reagir instintivamente às vibrações iniciais de um terremoto, sem necessidade de aprendizado prévio.
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Kirschvink sugere ainda que alguns animais são capazes de detectar o campo magnético da Terra por meio de minúsculos cristais de magnetita presentes no corpo. Esses cristais, organizados em cadeias para maior eficiência, atuam como sensores magnéticos e foram encontrados em espécies como abelhas, peixes e aves. A informação captada por esses sensores é transmitida ao cérebro por nervos especializados, o que ajuda esses animais a se orientar no espaço.
O que a ciência pensa?
Embora existam relatos e algumas evidências, a ciência ainda não consegue compreender os mecanismos exatos por trás desses comportamentos dos animais. A existência de sinais ambientais confiáveis que permitam prever terremotos com antecedência ainda é controversa e carece de comprovação científica sólida, conforme a USGS.
No entanto, Kirschvink argumenta que, mesmo sendo raros, os terremotos representam uma ameaça grande o suficiente para que comportamentos de sobrevivência tenham sido moldados por seleção natural ao longo de milhões de anos.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/25/ciencia-e-espaco/animais-realmente-conseguem-prever-desastres-naturais/