
Nas rochas do deserto de Nefud, na Arábia Saudita, dezenas de pinturas rupestres intrigam pesquisadores. Datadas de cerca de 11,4 a 12,8 mil anos atrás, algumas dessas artes chegam a dois metros de altura e revelam caminhos para encontrar água na região desértica.
Em um estudo inédito, arqueólogos encontraram novos exemplares dessas obras ancestrais. As descobertas foram publicadas na revista científica Nature Communications, na última terça-feira (30).
“Essas grandes gravuras não são apenas arte rupestre – elas provavelmente eram declarações de presença, acesso e identidade cultural”, disse Maria Guagnin, líder do estudo e pesquisadora do Instituto Max Planck de Geoantropologia, em um comunicado.
Pinturas revelam um passado perdido
Evidências arqueológicas indicam que pessoas habitaram o Nefud há mais de 25 mil anos. No entanto, há poucas informações sobre essa população, sua cultura e crenças.
No novo estudo, os pesquisadores se aproximam da resposta para questão. O grupo descobriu 60 novos painéis de rocha com 176 gravuras rupestres em três áreas antes inexploradas: Jebel Arnaan, Jebel Mleiha, and Jebel Misma, todas ao sul do deserto.
As obras estão em paredões de penhascos, alguns com mais de 30 metros de altura. Em especial, uma das obras teria exigido que os artistas ancestrais escalassem e trabalhassem em saliências estreitas, o que reforça a importância dessas imagens.

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Painéis rupestres indicavam rotas para fontes d’água
A tecnologia para fazer poços e transportar água foi essencial para a expansão humano ao interior dos desertos. O grupo acredita que as pinturas estão ligadas ao início dessas técnicas no Nefud.
“A arte rupestre marca fontes de água e rotas de movimento, possivelmente significando direitos territoriais e memória intergeracional”, explicou Ceri Shipton, coautor do estudo e pesquisador do Instituto de Arqueologia da University College London.

Além das gravuras, o grupo encontrou 532 ferramentas de pedra, pigmentos verdes e contas de pedra (peças usadas para fazer colares). Segundo os pesquisadores, não está claro se os artefatos pertenciam à mesma cultura que as artes, mas podem sugerir que esse povo tinha conexões com habitantes da região do Levante, a mais de mil quilômetros do deserto.
“A abordagem interdisciplinar do projeto começou a preencher uma lacuna crítica no registro arqueológico do norte da Arábia entre a última era glacial e o Holoceno, lançando luz sobre a resiliência e a inovação das primeiras comunidades do deserto”, concluiu Michael Petraglia, líder do projeto Green Arabia, uma iniciativa para combater as mudanças climáticas na Arábia Saudita.
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