
O módulo lunar Athena, da empresa norte-americana Intuitive Machines, pousou perto do polo sul da Lua nesta quinta-feira (6), às 14h31 (horário de Brasília). Embora a missão tenha seguido o cronograma previsto, os engenheiros ainda não sabem se a sonda está na posição correta, o que pode interferir na capacidade de comunicação e geração de energia.
A confirmação do pouso veio durante uma transmissão ao vivo do evento. Horas mais tarde, a empresa realizou uma coletiva de imprensa para atualizar a situação. “Devo dizer que ainda não acreditamos que estamos na atitude correta na superfície da Lua”, declarou Steve Altemus, CEO da Intuitive Machines. Ele explicou que a equipe ainda está analisando os dados recebidos e espera obter imagens do orbitador Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), da NASA, nos próximos dias para entender melhor a situação.
Apesar da incerteza sobre a posição da espaçonave Athena, a comunicação com ela foi estabelecida. “Podemos comandar cargas úteis para ligar e desligar”, disse Altemus. No entanto, ele admitiu que a geração de energia e a comunicação não estão totalmente dentro do esperado. Como medida preventiva, a equipe adotou estratégias para conservar energia e avaliar quais objetivos da missão ainda podem ser cumpridos.
Localização exata do módulo Athena ainda é um mistério
Outro desafio enfrentado pela equipe da Intuitive Machines é determinar a localização exata da sonda Athena na Lua. A espaçonave deveria pousar em uma região específica dentro do planalto Mons Mouton, a cerca de 160 km do polo sul lunar. Porém, devido às dificuldades encontradas no pouso, a posição final do módulo pode estar um pouco diferente do previsto.
“Não sei exatamente onde estaríamos em relação à elipse de pouso que especificamos antes da missão, com precisão de 50 metros”, explicou Altemus. Ele afirmou que a equipe está aguardando imagens da câmera do orbitador LRO para confirmar a localização.
Tim Crain, diretor de crescimento da Intuitive Machines, acredita que o software de reconhecimento de crateras da Athena funcionou corretamente e direcionou a sonda para um ponto próximo do alvo planejado. O sistema utiliza um banco de dados com imagens de crateras da região, comparando-as com as captadas durante a descida para se orientar.
“A resposta, repetidamente, foi sim”, disse Crain, ao ser questionado se o software havia identificado corretamente as crateras durante a aterrissagem. Mesmo assim, ele demonstrou uma leve frustração. “Estou um pouco desapontado porque o módulo de pouso provavelmente está fora do perímetro do local de pouso”.

Apesar disso, Crain garantiu que a Athena pousou dentro do planalto Mons Mouton, uma região de interesse para futuras explorações lunares devido à possibilidade de conter gelo de água sob a superfície.
“Pousar na Lua é extremamente difícil”
Durante a coletiva de imprensa, Nicky Fox, administradora associada da Diretoria de Missões Científicas da NASA, destacou os desafios de um pouso lunar bem-sucedido. “Acho que todos podemos concordar, particularmente hoje, que pousar na Lua é extremamente difícil, e a IM-2 pretendia pousar em um lugar que a humanidade nunca esteve antes”.

Ela reforçou que, apesar das dificuldades, a sonda segue ativa e retornando dados valiosos para a missão. “Esperamos poder trabalhar com a Intuitive Machines em um plano para recuperar o máximo de dados científicos e tecnológicos durante sua permanência na Lua”.
Altemus também classificou o pouso como um sucesso, independentemente das dificuldades enfrentadas. “Sempre que você envia uma espaçonave para a Flórida para voar e, uma semana depois, ela está operando na Lua, declaro que é um sucesso”.
Sonda anterior “quebrou a perna” ao pousar na Lua
Esse cenário lembra o pouso da missão IM-1, também da Intuitive Machines, ocorrido em fevereiro de 2024. Na ocasião, o módulo Odysseus tocou o solo lunar com velocidade acima do esperado. Isso acabou quebrando uma perna da espaçonave e fazendo com que ela tombasse parcialmente, dificultando a comunicação.
A transmissão do pouso da missão IM-2 foi encerrada 30 minutos após o evento, com a informação de que mais detalhes serão divulgados em uma coletiva de imprensa marcada para às 18h.
A missão IM-2 faz parte do programa CLPS, da NASA, que contrata empresas privadas para levar experimentos científicos e novas tecnologias à Lua.
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Como estava programado o pouso da sonda Athena na Lua
Pouco depois de ter sido lançado por um foguete Falcon 9, da SpaceX, no dia 26 de fevereiro de 2025, o Athena enviou algumas imagens da Terra para a equipe de controle.
Após uma jornada de quase cinco dias completos, o lander chegou à órbita lunar na segunda-feira (3). No dia seguinte, novos registros obtidos pela espaçonave (que completa uma órbita a cada duas horas) foram divulgados pela Intuitive Machines no X (antigo Twitter), desta vez mostrando a Lua – confira aqui.
Segundo a descrição da missão no site da Intuitive Machines, o pouso seria um processo complexo e autônomo. Primeiro, a sonda precisaria reduzir sua órbita para entrar em trajetória de aproximação. Nesse estágio, sem comunicação direta com a Terra, ela dependeu apenas de seus sensores para navegar.
Ao retomar o contato com os controladores, a espaçonave deveria acionar os motores para diminuir a velocidade e alinhar-se com a superfície. A poucos metros do solo, era esperado que ela desativasse as câmeras e fizesse o ajuste final por orientação interna, tocando o chão suavemente. Por enquanto, não se sabe se esses procedimentos foram cumpridos corretamente.
A escolha da região de Mons Mouton não foi aleatória. Localizada perto do polo sul lunar, a área é um dos focos de interesse da NASA devido à possibilidade de conter gelo de água abaixo da superfície. A presença desse recurso pode ser essencial para futuras missões tripuladas, pois permitiria a obtenção de água potável e até combustível para foguetes.

Missão deve durar 10 dias
Se tudo der certo, a missão deve durar cerca de 10 dias – o período de iluminação solar na região. Durante esse tempo, seus instrumentos irão perfurar e analisar o solo lunar em busca de gelo. O experimento PRIME-1, da NASA, utilizará uma broca chamada TRIDENT para coletar amostras, enquanto o espectrômetro MSolo verificará sua composição.
O módulo Athena também transporta um pequeno rover japonês chamado Yaoki e a espaçonave autônoma Grace, que explorará uma cratera próxima. Há também um experimento de comunicação 4G/LTE da Nokia, que poderá facilitar a conectividade em futuras missões.
A Intuitive Machines já planeja novas missões à Lua. Com contratos adicionais da NASA, a empresa segue ampliando sua participação na exploração do satélite, ajudando a pavimentar o caminho para o retorno de astronautas à superfície lunar.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/03/06/ciencia-e-espaco/athena-sonda-esta-ativa-mas-posicao-na-lua-ainda-e-incerta/